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sábado, 24 de outubro de 2020

O VÍRUS ESCATOLÓGICO!




Tenho tido pensamentos escatológicos!

O vírus chinês não é o verdadeiro perigo, pois se trata de uma cepa que possui a mesma letalidade de uma gripe influenza, não mortal como o ebola, mas, é, sobretudo, a ferramenta mais perfeita para desencadear a mais violenta engenharia social que já se viu na história humana.

A decretação da pandemia foi sobretudo um ato político voltado para a criação de meios de controle estrito sobre a população mundial, o vírus foi somente uma desculpa para a obtenção deste nível de controle.

Um controle baseado numa "ciência imperial" que ora afirma que um medicamento testado por sete décadas de uso é considerado perigoso, enquanto que a mesma "ciência" é usada para afirmar que uma vacina em desenvolvimento pode ser objeto de ações judiciais para discutir a obrigatoriedade de sua aplicação.

Em nosso cenário, a discussão do momento é a obrigatoriedade da vacina, o Ministério da Saúde está lançando a carteira de vacinação vinculada ao CPF, e, possivelmente, nossa internet, futuramente, será turbinada com tecnologia chinesa, a mesma fornecedora da vacina que será obrigatória pelo ato de vontade supremo jurisdicional.

Outro objetivo sendo alcançado pelo processo político pandêmico é a criação de uma nova cultura de trabalho e ensino à distância, também avança-se nos sistemas de pagamento virtual tendentes a extinguir o papel moeda.

Quando juntamos tudo isso: vírus, decreto de pandemia, controle social, obrigatoriedade de vacina, supremacia dos meios virtuais para o trabalho, educação e pagamentos, temos a presença da verdadeira agenda na forma da progressiva supressão da liberdade humana por meio do crescente controle e monitoramento e imposição de condutas limitadoras das opções disponíveis para cada ser humano.

O cidadão está sendo marcado como gado, no Brasil esta marca é o CPF, um gado que terá que provar que está imunizado contra a "febre aftosa", para permitir um futuro e saudável abate, uma vez que a "superpopulação" poderá ser considerada a causa da pandemia, e sua diminuição poderá, eventualmente, ser decretado como um imperativo pela OMS.

sábado, 4 de maio de 2019

A REALIDADE NÃO É CARTESIANA



A REALIDADE NÃO É SOMENTE RELAÇÕES DE QUANTIDADES

Cartesius foi um bom filósofo do realismo idealista, ou da idéia como realidade, e um grande matemático, isso é inegável.

Ocorre que para uma grande mentira ser estabelecida haverá que se demonstrar algumas pequenas verdades compatíveis com a proposta falaciosa, em certo sentido a matemática, enquanto método de análise lógica das quantidades em seu aspecto abstrato, por meio de símbolos numéricos, quando utilizado habilmente para fundar uma concepção de certeza e exatidão, é um excelente meio de criar o descrédito em relação à realidade concreta e grávida de qualidades e significados que apreendemos em nosso cotidiano.

A realidade concreta é em grande parte impassível de mensuração quantitativa, pelo que o cartesianismo revela-se como uma vertente do pitagorismos empobrecido, pois divorciado da metafísica, e, é por isso uma potente arma de "desinformação", no sentido técnico da palavra no ramo da guerra de informações, uma vez que a filosofia cartesiana passou a ser a emissora da grande falsidade do ceticismo materialista e niilista, com base na credibilidade da ciência matemática.

Assim, instituiu-se uma secular crise nas ciências em geral e na filosofia em particular, por meio da ideologia materialista transvestida de filosofia, que pretende subjugar a realidade toda ao determinismo matemática e materialista que pretende deificar o pensamento humano.

***

A FILOSOFIA DA CIÊNCIA MODERNA NEGA-SE A OBSERVAR A EVIDÊNCIA ORIUNDA DOS SENTIDOS


Minha tese é que a ciência e filosofia cartesianas, ditas modernas, tentam convencer-nos a não dar crédito na ciência que decorre de nossa percepção sensorial, uma vez que a evidência percebida pelos sentidos, que é o fundamento de toda conquista técnica, é o que nos fornece a capacidade de avaliar as relações de causa e efeito, e, também, quando um evento foge a tais relações, tal como se dá no evento milagroso, em que a causalidade horizontal é substituída pela causalidade vertical.

A ciência moderna, com seu viés ceticista e materialista, é um tipo de psicologismo que nos torna psicóticos e esquizofrênicos ao ponto de impedir nossa percepção normal da realidade, inclusive aquela de perceber o milagre, uma vez que a nossa existência é sustentada pelos milagres inerentes à existência criada e à presença viva de Cristo.

São Tomé foi o primeiro cientista! Mas, pelo menos, acreditou em seus sentidos.

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ACREDITO PORQUE PERCEBO


Como percebemos o mundo senão pelos sentidos corporais?! Como filosofar negando tais evidências, simples, leia os filósofos da modernidade e passe a crer no que eles dizem, não nos seus olhos.

Descartes cria uma hipótese na qual um gênio mal o levaria ao ceticismo total quanto ao que é captado pelo sentidos, cuja consequência filosófica é afirmação do pensamento abstrato e matemático como única realidade clara e precisa, daí lanço minha hipótese que a filosofia moderna é o fruto de bem sucedida tentação do tinhoso.



Há um mistério no início da filosofia moderna, descrevo meu espanto por meio de dois questionamentos:

1. Como é que Descartes consegue avaliar o que é evidente e claro, se ele é o mesmo que nega a evidência oriunda da realidade concreta?

Lembro que a proposta de ciência de Descartes é que deveremos considerar evidentes somente o que é considerado como quantidade, e que as qualidades deverão ser ignoradas por serem incertas e obscuras, isso nem é mais paradoxo, é burrice mesmo.

2. Assim sendo, prossigo, e sustento meu ceticismo quanto ao método cartesiano encarado como filosofia, ao questionar como poderemos considerar algo somente como quantidade, quando as qualidades estão lá tão evidentes quanto todo o resto?

sábado, 14 de janeiro de 2017

THOR HEYERDHAL: É NECESSÁRIO ALGUÉM JUNTAR OS PEDAÇOS

A propósito da influência da metodologia neokantiana, que torna em dogma o processo de especialização da pesquisa científica, cito uma passagem da obra Na trilha de Adão: memórias de um filósofo da aventura, de Thor Heyerdhal, que na minha opinião foi um dos maiores cientistas a aplicar métodos empíricos na pesquisa arqueológica do século XX, vejamos o que o mesmo diz a respeito do conhecimento científico especializado:



"Era consenso entre todos nós que, para acompanhar o progresso da ciência, o homem deveria se especializar cada vez mais. Não era mais possível ser superficial, mas sim estreitar os horizontes e ir ao fundo das questões, mas ainda nos bancos da universidade comecei a perceber que algo estava errado. Especialistas estão a caminho de saber cada vez mais sobre cada vez menos, e o preço a pagar por isso é o da ignorância, que campeia e invade as fronteiras da área em que detém o conhecimento. Não poderia ser diferente, porque foram os próprios especialistas que nos levaram a concluir que é incrivelmente grande a quantidade de coisas sobre as quais nada sabemos."

"Também é consenso que a função dos especialistas é se aprofundar nas questões, mas para isso ele não deveriam entocar-se em covas e desaparecer, ensimesmados em seus cubículos de sabedoria. A universidade também precisa de instituições que não estejam submersas tão profundamente, mas se localizem na superfície e possuam uma visão privilegiada do que está ocorrendo, a fim de coordenar os resultados das pesquisas que os especialistas enviam lá de baixo. É necessário alguém capaz de juntar os pedaços" (p. 90-1).

Fonte: 

Thor Heyerdahl, Na trilha de Adão: memórias de um folósofo da aventura, São Paulo, Companhia das Letras, 2000.

ALLAN BLOOM: O RETORNO AOS GRANDES LIVROS ANTIGOS



Um dos primeiros livros de nível universitário que comprei na vida, lá bem no início dos anos 1990, na agora extinta Livraria Cejup que se localizava à Av. Assis de Vasconcelos em Belém, Pará, foi O declínio da cultura ocidental, de Allan Bloom, obra escrita em 1987, que já diagnosticava os efeitos perniciosos do marxismo cultural nos Estados Unidos, e cujo problema poderia ser solucionado mediante o tratamento de reencontrarmos a coerência da vida e da realidade através da leitura dos grandes clássicos, assim, deixo-vos com esta passagem que opera uma síntese geral do problema e apresenta o início da correção:


O que determina a vida de um organismo inteiro é o local onde reside o poder.

E os problemas intelectuais que não são resolvidos no ponto máximo não podem sê-lo ao nível inferior da administração.

A dificuldade está na total carência de unidade das ciências e na falta de vontade e de meios para discutir a questão.



A doença no nível superior causa a doenças no nível inferior [...].
 
Evidentemente, a única solução séria é que quase todo mundo rejeita: o retorno aos Grandes Livros antigos (negritamos). 

Para adquirir uma cultura geral, cumpre ler certos textos clássicos de valor reconhecido, 

apenas ler, 

deixando que eles ditem as questões e o método para abordá-las - 

não os obrigando a entrar nas categorias que nós engendramos, 

não os tratando como produtos históricos, 

mas procurando lê-los como seus autores gostariam que fossem lidos. 


Estou perfeitamente a par e na verdade até concordo com as objeções ao culto dos Grandes Livros: 

é amadorísticos e encoraja a presunção dos autodidatas sem competência, não é possível que se leiam detidamente todos os Grandes Livros e, se apenas lemos essa coleção, jamais saberemos o que é uma grande obra por oposição a outra comum; 

ninguém sabe quem deve decidir o que é um Grande Livro ou qual é o cânone; 

os livros se transmutam em fins, em vez de ser meios; 

todo o movimento em prol da sua leitura tem tom de evangelismo grosseiro, contrário ao bom gosto; gera uma intimidade espúria com a grandeza - e assim por diante. 

Uma coisa é certa, porém: quando os Grandes Livros constituem uma parte basilar do currículo, os alunos ficam emocionados e satisfeitos, têm a impressão de estar fazendo um trabalho independente em que se realizam, recebendo da universidade algo que não poderiam conseguir fora dela. 

O simples fato dessa experiência particular, que não conduz a nada além de si mesma, oferece aos alunos uma nova alternativa a respeito pelo próprio estudo.
 

Agora, eis as vantagens

consciência da importância dos clássicos, deveras importante para os calouros; 

o conhecimento do que eram as grandes questões, quando ainda havia grandes questões; 

modelos, no mínimo, para tentar equacioná-las; 

e, o que talvez seja o mais importante de tudo, um fundo de experiências e de pensamentos compartilhados, que serve de fundamento para o estreitamento das amizades. 

Programas baseados no uso judicioso dos grandes textos abrem a estrada larga que leva ao coração dos estudantes. 

Ao aprenderem sobre Aquiles ou sobre o imperativo categórico, exprimem uma gratidão ilimitada. 

Alexander Koyré, o historiador da ciência já falecido, contou-me que sentiu enorme estima pelos Estados Unidos quando um aluno, no primeiro curso que ele ministrou na Universidade de Chicago, no começo de seu exílio, em 1940, se referiu numa prova ao Sr. Aristóteles, o que é impensável para muitos intelectuais. 

Um bom programa de cultura geral incute no estudante o amor da verdade e a paixão de viver uma existência feliz. 

Seria a coisa mais fácil do mundo programar cursos adaptados às condições particulares de cada universidade, capazes de emocionar quem os siga. 

A dificuldade reside em que a faculdade o aceite. (p. 346-7)
 
Fonte:

Allan Bloom, O declínio da cultura ocidental, 3ª edição, São Paulo, Best Seller, 1989.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

WOLFGANG SMITH: A TEORIA ECOLÓGICA DA PERCEPÇÃO VISUAL DE GIBSON

Wolfgang Smith

"Ora, ocorre que, mesmo de um ponto de vista 

estritamente científico, 

a concepção reducionista do observador 

acaba enfim por ser indefensável.

Tomemos o caso da percepção visual: 

mantendo-se de acordo com a opinião predominante, 

Hawking supõe que a visão se reduz a uma função do cérebro. 

Ele nos conta, por exemplo, que o cérebro humano 

"lê uma gama bidimensional de dados 

vindos da retina e cria a partir deles, 

a impressão de um espaço tridimensional" (47). 

Esse preceito, porém, já foi desafiado criticamente 

por um cientista empírico chamado James Gibson, 

http://slideplayer.es/slide/5404573/

com base em descobertas experimentais 

coletas por meio do que, talvez até hoje, 

foi a pesquisa mais exaustiva acerca da natureza 

da percepção visual. 

O que os experimentos de Gibson trouxeram à luz 

foi o fato decisivo de que 

a percepção não se baseia em uma imagem retiniana 

(como haviam quase todos presumido), 

e sim em informações dadas no arranjo ótico ambiente, 

que especifica, entre outras coisas, 

a estrutura tridimensional do ambiente. 

http://es.slideshare.net/pepeh/63-teora-sobre-la-percepcion-del-ambiente-victor-hugo-castillo

Parece que nosso sistema visual 

não foi projetado simplesmente para receber imagens retinianas,

mas para vasculhar esse arranjo ótico ambiente 

e extrair dele aquilo que Gibson chama de invariantes. 

São essas invariantes que, em verdade, são percebidas, 

o que significa que o percepto não é construído, 

e sim objetivamente real; 

não está meramente "dentro da mente", mas fora dela, 

como a humanidade, com efeito, sempre supusera. 

Isso quer dizer que o que é percebido 

não é uma imagem visual, seja retiniana, cortical ou mental, 

e que a chamada terceira dimensão, 

em particular, 

não é diferente das outras duas; 

ela não precisa ser construída 

- por meio de um processo que ninguém, 

mesmo remotamente, jamais foi capaz de conceber - , 

mas, com efeito, é percebida diretamente, 

assim como todas as invariantes.




Embora amplamente discutido e jamais refutado, 


[...] as descobertas empíricas de Gibson 

bastam para invalidar 

a concepção reducionista do observador humano, 

sobre a qual a noção de realismo modelo-dependente se baseia."


SMITH, Wolfgang. Ciência e mito: com uma resposta a O Grande Projeto, de Stephen Hawking. Tradução Pedro Cava. 1.ed. CEDET: Campinas, 2014, p. 226-7.

sábado, 25 de junho de 2016

É BOM CITAR: O trivium e o quadrivium segundo Rosenstock-Huessy

...a descoberta de que o discurso racional pressupõe o discurso ritualístico.
Descobrimos que a lógica de nossas escolas cobria, na melhor das hipóteses, um quarto do território real da lógica.
Antes de qualquer coisa possa ser computada, calculada, observada ou testada, ela tem de ter sido algo nomeado, com que se falou, com que se operou, algo com que se teve alguma experiência.
Com suas generalizações e numerais, a ciência priva as coisas de nomes. Mas não pode fazer isso senão com coisas que previamente se revestiram de nomes.
A ciência é uma aproximação secundária e abstrata à realidade.
Devemos estar imersos e enraizados num universo nomeado, para depois dele nos podermos emancipar pela ciência. (p. 218)
Esta breve investigação das novas vias mostra que, dentre as sete artes liberais, o chamado trivium - gramática, retórica e lógica - é o que mais se beneficia de nossos estudos.
Nossa abordagem eleva as "trivialidades" desses três campos introdutórios do saber à estatura de ciências plenamente desenvolvidas.
Elas tornar-se-ão as grandes ciências do futuro.
Tal ascensão ao poder teve um paralelo quatrocentos anos atrás, quando o chamado quadrivium (aritmética, geometria, música, astronomia) e o trivium (gramática, retórica, lógica) não passavam de meros serviçais e ferramentas auxiliares.
É preciso substituir a faculdade de direito por todo um conjunto de ciências sociais, incluindo uma acerca de nossa própria consciência.
A consciência não funciona senão quando a mente responde a imperativos e utiliza metáforas e símbolos.
Até os cientistas devem falar com confiança e segurança antes de poder pensar analiticamente. (p. 219)
Que é um símbolo? Que é uma metáfora? Constituem o pão nosso de cada dia? Símbolos são fala cristalizada. E a fala cristaliza-se em símbolos porque, em seu estado criativo, é metafórica. Símbolos e metáforas relacionam-se como a juventude e a velhice da linguagem. (p. 219-20)
Até os símbolos dos lógicos a provam... são fala cristalizada.
A fala deve levar aos símbolos. Os símbolos resultam da fala. "Ouvimos" os símbolos como se fossem fala. "Olhamos" para a fala porque ela nos levará aos símbolos. (p. 220)
Os símbolos representam o estado "real" ou principal de uma pessoa a despeito de quais aparências. Representam meu melhor eu em sua ausência…
Isso nos dá uma pista dos autênticos lugares dos símbolos. Eles sucedem a atos de investidura, por meio dos quais se tornam indeléveis e importantes elementos da realidade.
Um ritual antecede ao símbolo. Se nenhum ritual investiu a pessoa, o símbolo não passa de mero brinquedo frívolo. (p. 221)
Quanto mais seriamente o ritual é "falado", mais o símbolo se fixa. Não há, porém, símbolo sem fala.
Os símbolos reiteram o fato de que a fala visa à verdade de longo alcance e de que, para tanto, ela procura substituir as aparências do mundo visível por uma ordem mais elevada,  melhor ou mais penetrante.
Porque o símbolo mostra melhor sua eficiência após o término da cerimônia de investidura, e concebem-se as cerimônias de investidura precisamente como um poder capaz de criar um segundo mundo.
A linguagem humana é metafórica por definição. Nada nela é o que é. Tudo significa algo que, em sim mesmo, não é. (p. 222)


Fonte: Eugen Rosenstock-Huessy (1888-1973) A origem da linguagem; edição e notas Olavo de Carvalho e Carlos Nougué: introdução, Harold M. Sathmer e Michael Gorman-Thelen: tradução Pedro Sette Câmara, Marcelo de Polli Bezerra, Márcia Xavier de Brito e Maria Inêz Panzoldo de Carvalho. - Rio de Janeiro: Record, 2002.


sexta-feira, 13 de maio de 2016

É BOM CITAR: METAFÍSICA DE ARISTÓTELES



Se não existisse nada de eterno, também não poderia existir o devir
(Aristóteles, Metafísica, B 4, 999 b 5-6)


Se além das coisas sensíveis não existisse nada, nem sequer haveria um princípio, nem ordem, nem geração, nem movimentos dos céus, mas deveria haver um princípio do princípio…
(Aristóteles, Metafísica, A 10, 1075 b 24-26)


Todos os homens, por natureza, tendem ao saber. Sinal disso é o amor pelas sensações. De fato, eles amam as sensações por si mesmas, independentemente de sua utilidade e amam, acima de todas, a sensação da visão.
(Aristóteles, Metafísica, 980 a)


...a visão nos proporciona mais conhecimentos do que todas as outras sensações e nos torna manifestas numerosas diferenças entre as coisas.
(Aristóteles, Metafísica, 980 a)


Os animais são naturalmente dotados de sensações; mas em alguns da sensação não nasce a memória, ao passo que em outros nasce.
(Aristóteles, Metafísica, 980 b)


Ora, enquanto os outros animais vivem com imagens sensíveis e com recordações, e pouco participam da experiência, o gênero humano vive também da arte de raciocínios.
(Aristóteles, Metafísica, 981 a)



Nos homens, a experiência deriva da memória. De fato, muitas recordações do mesmo objeto chegam a constituir uma experiência única.
(Aristóteles, Metafísica, 980 a)


A experiência parece um pouco semelhante à ciência e à arte. Com efeito, os homens adquirem ciência e arte por meio da experiência. A experiência, como diz Polo, produz a arte, enquanto a inexperiência produz o puro acaso.
(Aristóteles, Metafísica, 980 a)


A arte se produz quando, de muitas observações da experiência, forma-se um juízo geral e único passível de ser referido a todos os casos semelhantes.
(Aristóteles, Metafísica, 980 a)
Por exemplo, o ato de julgar que determinado remédio fez bem a Cálias, que sofria de certa enfermidade, e que também fez bem a Sócrates e a muitos outros indivíduos, é próprio da experiência; ao contrário, o ato de julgar que a todos esses indivíduos, reduzidos à unidade segundo a espécie, que padeciam de certa enfermidade, determinado remédio fez bem (por exemplo, aos fleumáticos, aos biliosos e aos febris) é próprio da arte.
(Aristóteles, Metafísica, 980 a)


Ora, em vista da atividade prática, a experiência em nada parece diferir da arte; antes, os empíricos têm mais sucesso do que os que possuem a teoria sem a prática. E a razão disso é a seguinte: a experiência é conhecimento dos particulares, enquanto que a arte é conhecimento dos universais; ora, todas as ações e as produções referem-se ao particular.
(Aristóteles, Metafísica, 980 a)
De fato o médico não o cura o homem a não ser acidentalmente, mas cura Cálias ou Sócrates ou qualquer outro indivíduo que leva um nome como eles, ao qual ocorra ser um homem.
(Aristóteles, Metafísica, 980 a)


Portanto, se alguém possui a teoria sem a experiência e conhece o universal mas não conhece o particular que nele está contido, muitas vezes errará o tratamento, porque o tratamento se dirige, justamente, ao indivíduo particular.
(Aristóteles, Metafísica, 980 a)


...estamos convencidos de que a sapiência, em cada um dos homens, corresponde à sua capacidade de conhecer.
(Aristóteles, Metafísica, 980 a)


Os empíricos conhecem o puro dado de fato, mas não seu porquê; ao contrário, os outros [os que possuem a arte] conhecem o porquê e a causa.
(Aristóteles, Metafísica, 980 a)


Por isso consideramos os primeiros mais sábios [os que têm a direção nas diferentes artes], não porque capazes de fazer, mas porque possuidores de um saber conceptual e por conhecerem as causas.
(Aristóteles, Metafísica, 980 b)


Em geral, o que distingue quem sabe de quem não sabe é a capacidade de ensinar: por isso consideramos que a arte seja sobretudo a ciência e não a experiência; de fato, os que possuem a arte são capazes de ensinar, enquanto os que possuem a experiência não o são.
(Aristóteles, Metafísica, 980 b)

Aristóteles, Metafísica vols. I, II, III, 2ª edição. Ensaio introdutório, tradução do texto grego, sumário e comentários de Giovanni Reale. Tradução portuguesa Marcelo Perine. São Paulo. Edições Loyola. 2002.






sexta-feira, 29 de abril de 2016

A IDENTIDADE SUPREMA


A Identidade Suprema é Infinita porque é Deus.
Logo é possível afirmar que o princípio da identidade é fundamentado na realidade de Deus, e a fé e a ciência são abastecidos pelo mesmo princípio.
Não há como refutar o princípio da identidade, pois ele é o termo lógico que serve de critério de veracidade de qualquer coisa.
Defendo o realismo ingênuo, ou realismo não-crítico, postulo que a realidade objetiva é o dado absoluto, diante do qual a percepção subjetiva promove os diversos graus de conhecimento relativo, e essa relatividade é oriunda de nossas limitações perceptivas.
Não sei se existe a partícula de Deus, mas posso afirmar que existe o princípio da identidade.
A identidade é o símbolo discursivo que representa Deus na linguagem da lógica, pois o Uno é idêntico a Ele mesmo.
A realidade contingente é somente uma janela para vislumbrarmos o infinito, pois o conceito de absoluto é necessário para haver qualquer noção de algo relativo.
"O Sono da Razão produz monstros", de Francisco Goya.
A razão é um fenômeno irracional?
A linguagem é oriunda de algo irracional e é instintiva?
Então, por uma relação de causa e efeito a razão é instintiva e irracional em sua raiz, tal conclusão é o resultado do bruto materialismo cético.
  O ceticismo, seja em suas origens clássicas, seja em sua versão moderna cartesiana, é uma forma deficiente de encarar o mundo, pois castra voluntariamente a percepção humana, ao considerar a eventual limitação do poder do conhecimento humano como um dado absoluto, não como apenas uma parte do problema da realidade.
Não é crível que algo que exista seja simplesmente "irracional" ou "instintivo", há uma razão inerente à ordem do mundo, e nada é simplesmente um resultado de uma "irrazão", há mistérios, mas não mistérios irracionais no sentido da expressão: "sem razão de ser", estamos imersos em um Ser Supremo, dotado da sabedoria absoluta, numa realidade da qual participamos. 
Catarina de Médicis observa os mortos do Massacre de São Bartolomeu
 
É interessante que o drama existencial do filósofo Descartes transcorreu no período mais cruento das guerras de religião, entre reforma e contrarreforma, um fato que estimulou a opção pelo solipsismo filosófico como uma fuga, uma evasão, para o único ambiente na qual o fundador da filosofia moderna se achava psicologicamente seguro, sua própria mente.
  É irônico que nesta fuga cartesiana para o ceticismo elegeu-se o método da dúvida sistemática contra a objetividade do mundo, em favor de um criticismo subjetivista.
Ao contrário da topografia da ignorância socrática (termo que aprendi com o Olavo de Carvalho), Descartes desenvolveu o método da ignorância sistemática como fundamento da ciência e da ética.
Na Idade Moderna passou-se a ensinar que somos a própria “sarça sagrada” subjetiva, e se proclamou que todos somos dotados de uma subjetividade absoluta, de um "EU SOU" subjetivista criador do mundo das idéias verificáveis matematicamente.
O materialismo matematizante intelectualmente concatenado é única certeza capaz de suprir a proposta do ceticismo radical, perante a objetividade do mundo.
Assim, em nome da idéia solipsista, Descartes se julgou armado para cortar da perspectiva filosófica e científica Ocidental tudo o que fosse complicado demais para compreender somente com a mente calculadora, em um materialismo quantitativo que, por sinal, passou a ser para o cartesianismo o sinônimo de racionalidade, só aquilo que é mensurável é racional desde então.

Êxodo 3:14

Tentar provar que Deus não existe é o mesmo que tentar negar a existência da verdade ou do princípio da identidade, é tudo uma coisa só!
Coloquemos em poucas palavras: o princípio para que exista a ciência, é que seja afirmada a fé no princípio da identidade, na qual 01 (um) sempre é igual a 01 (um), ou seja, a identidade é a base para o princípio da mensuração, sem a qual não há como defender qualquer tipo de materialidade.
Para que o princípio da identidade seja eficaz ele precisa ser verdadeiro.
Para que a verdade seja real ela precisa ser dotada de um caráter de perenidade.
Logo, se há verdade, ela é eterna.
Assim sendo, se há eternidade então há algo eterno que dá sustentação à verdade, à identidade e à ciência, e isso caro amigo é a manifestação da fé nestes elementos, inclusive, todo o cientista guarda a mais pia fé em seu cabedal de conhecimentos, fé esta que é mais profunda do que aquela que o cientista tem na própria existência pessoal.
É o suficiente?
Agora fale o inverso...
Werner Nabiça Coêlho