22/04/2020 - Depois de abster-me de registrar a miséria de viver no planeta prisão por alguns dias, hoje notei que passamos estes dias por datas históricas muito significativas, pois dia 19/04 é o dia em que houve a Batalha de Guararapes, na qual os holandeses foram derrotados e permitiu a preservação de nosso patrimônio cultural português nas terras brasileiras, em 21/04 comemora-se nossa conspiração revolucionária contra o autoritarismo e o excesso tributário na forma de confiscos, tão semelhantes aos que estão ocorrendo pelos Estados Autoritários em secessão político-administrativa, mas que permanecem confederados pelos laços financeiros, e, no dia de hoje, temos a data em que Pedro Álvares Cabral aportou no litoral de nossa amada Terra de Santa Cruz, no mais, já fiz dois passeios com minha vira lata no pátio carcerário que costumávamos chamar de rua, obtendo um pouco de banho de luz do Sol, este que continua alevantando-se todo dia, sem qualquer temor de contrair o vírus do pânico.
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quarta-feira, 22 de abril de 2020
DIÁRIO DO CÁRCERE - PLANETA PRISÃO - COVID-19
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Belém - PA, Brasil
segunda-feira, 13 de abril de 2020
Aforismos em tempos de Saars Covid-19
O Brasil inaugura protestos pela obediência da lei civil e da constituição e pelo direito humano ao trabalho.
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A morte da nossa liberdade garante-nos condições clínicas aceitáveis para morrer de peste chinesa ou de fome e violência.
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Se estamos sendo tolidos em nossa liberdade sem flagrante delito ou ordem judicial, então somos servos ou escravos, não cidadãos!
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A razão foi vitimada esses dias, isolaram-na num presídio de medo, em breve ela ressurgira, por meio de coragem ou desespero.
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Qual a salvação do momento? Viver com medo e covardemente.
Qual a nova heresia? Ser proprietário do próprio corpo e trabalhar.
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No cenário nacional e mundial os lados opostos se delineiam com cada vez mais clareza, luz e trevas, tirania e liberdade.
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Tenho para mim que o principal objetivo do radical isolamento é a destruição de Povos e Nações por meio da miséria e inanição.
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A nova categoria política é o Politicamente Saudável, o custo é módico segundo seus defensores: as liberdades.
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A democracia e a liberdade foram convertidas em ditadura e cárcere, as cidades agora são campos de concentração.
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Isolamento social horizontal é ritual sagrado e pagão, que magicamente confere a ilusão de salvação.
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Os novos bodes expiatórios são todas as pessoas em sociedade, atividades em "aglomerações" (trabalho, religião, etc.) são impuras.
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Uma pandemia que no curto prazo causa morte e pobreza, e, no longo prazo, mortes associadas à miséria e violência.
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Destruição de vidas humanas por meio de complicações de saúde física e mental, e da carência de bens da vida.
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O acrônimo brasileiro PCC não teria sido inspirado na versão chinesa, afinal ambos são propostas de criação de Estados do Crime?
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O governo chinês é comuno-fascista por unificar o totalitarismo político com o autoritarismo dirigista da economia capitalista.
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Mais fortes ficam as evidências de colaboração de idiotas úteis simpáticos ao regime comuno-fascista chinês.
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Precedente para futuras emergências?
O que impedirá essa atitude autoritária em futuras emergências ambientais e/ou políticas?
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A pandemia viral e psicológica causa severos surtos autoritários para "salvar vidas humanas", em detrimento dos direitos humanos.
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sábado, 11 de abril de 2020
Diário do Cárcere - Presídio Covid-19 - 05
11/04/2020 - Hoje aproveitei uma inspiração e redigi um texto sobre a guerra psicológica chinesa, por isso me fingi de morto o dia inteiro, espero que após a Páscoa o Brasil ressuscite deste transe. Aliás, hoje o Mito passeou com vários judas ao visitar um hospital de campanha, mas, conforme a mídia extrema noticiou ele foi causador de uma aglomeração de fanáticos, ora veja só, agora apelaram para um adjetivo clássico quando não há mais argumentos, creio que há fumaça de tentativa de golpe no ar, mas ainda creio na Providência, veremos!
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sexta-feira, 10 de abril de 2020
Diário do Cárcere - Presídio Covid-19 - 04
10/04/2020 - Ontem decidi não entrar em debates políticos para hoje ser envolvido em discussão sobre o catolicismo ter começado com o Imperador Constantino enquanto eu levantava a bola de Pedro, mas tudo acabou bem com ninguém abrindo mão de suas posições teológicas e/ou historicistas. Enquanto isso nosso sigilo de dados telefônicos foi derrubado por decretos estaduais, e aqui fico na expectativa das futuras ações de indenização por danos morais e ações penais por abusos de autoridade que serei contratado para redigir. A Paixão de Cristo prosseguirá para o Povo pois os vendilhões estão lucrando com todo esse sofrimento.
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quinta-feira, 9 de abril de 2020
Diário do Cárcere - Presídio Covid-19 - 03
09/04/2020 - Acendeu-se o debate sobre as virtudes de imprimir dinheiro para estimular e recuperar a economia, e haja explicar no WhatsApp que papel não é o mesmo que moeda, e que papel-moeda não é nutritivo o suficiente para substituir o feijão com arroz, daí a discussão, do nada, passa para a ineficácia da cloroquina em salvar todas as pobres vítimas do vírus dracônico, por essas e outras decidi iniciar um jejum de opiniões próprias e alheias e resolvi só relembrar que a maior história de todas os tempos está em pleno curso, e que daqui até Domingo, mais uma vez, testemunharemos a morte e ressurreição de Deus Encarnado e que está no meio de nós pelos séculos dos séculos.
(Quem sabe os pobres venezuelanos não tenham a sua própria Páscoa por estes dias vindouros?!)
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Diário do Cárcere - Presídio Covid-19 - 02
08.04.2020 - Estava refletindo como o Doriana deve se inspirar em Judas, pois além de trair sua fase bolsodoria ainda teve coragem de afirmar que é dele o mérito de defender a utilização da cloroquina, por outro lado observo que o Pilatos Mandettus continua lavando suas mãos e desafiou os médicos a respeitar o juramento de Hipócrates, sem lhes autorizar expressamente por meio do "sagrado" protocolo oficial do MS, por fim nosso Presidente Messias tem suportado sua Paixão pessoal sob traições e apupos dos poderes deste mundo que tanto lhe odeiam, e assim vamos participando da Páscoa na qual estamos sendo libertados do mal provocado pelo Dragão, por meio de uma medicina descoberta pelos jesuítas.
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terça-feira, 7 de abril de 2020
Diário do Cárcere - Presídio Covid-19 - 01
06/04/2020 - O Brasil continua com os trabalhadores presos, perdendo seu meio de sustento, são perseguidos pela policia e discriminados socialmente.
Enquanto isso os presidiários da pior espécie vão sendo soltos, porque vidas de meliante importam.
07/04/2020 - Enquanto aguardo o ditador local regulamentar minha saidinha da Semana Santa, reflito sobre a bioética envolvida entre liberar emergencialmente tratamento com cloroquina, cuja posologia é conhecida já por 70 anos.
Cogito se tenho que confiar no método científico, e se devo me oferecer como possível consumidor de placebo, para testes cegos com grupo de controle, para obtenção de carimbos e permissões burocráticas para salvar vidas.
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A CELEUMA DA CLOROQUINA E O ESTADO DE NECESSIDADE
O que acontece com o mundo que busca certezas científicas por meio de metodologias de pesquisa demoradas enquanto vidas são ceifadas em uma situação emergencial?
Há algo em Augusto Comte, mas no fundo no fundo, a religião da ciência começou ideologicamente em Galileu e Bacon e vem sendo sistematizada desde Descartes, hoje assistimos à evidência de que é possível instaurar-se inúmeras ditaduras tecnocráticas por meio do culto à ciência, como portadora do conhecimento sagrado, que nos permite a salvação de nossas vidas terrenas.
O sagrado transitou de Deus para o homem que se especializa no atomismo quântico ou na nano-membrana celular, o paper é o portador da nova verdade revelada, com o grau acadêmico de doutorado, com base em uma verdade conforme o consenso científico.
O problema atual relativo à liberação da cloroquina, ou não, com tratamento restrito, ou não, é um premente problema bioético e politico que serve de medida para essa doidice na qual o protocolo clínico é mais importante que evidência médica reiteradamente confirmada, quando tantos resultados positivos são o testemunho da eficácia dos novos tratamentos por meio de remédio veteranos.
O estado de necessidade presente é a justificativa para adoção de todos os meios que forem possível em defesa da vida do paciente.
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Diário do Hospício - 07/04/2020
Estava divagando ao ponto de ir ao mundo da Lua, quando virava a esquina numa cratera ouvi alguém falar "um vizinho meu passou mal e no dia seguinte morreu, foi trágico pois ele só tinha 41 anos de idade!"
Daí o companheiro de conversa perguntou se isso estava provado, quando a resposta foi afirmativa bateu-me uma angústia tão grande de ser mordido pelo Covid-PCC que resolvi correr para a coroa do Sol, porque é onde a temperatura é maior que superfície, pois ouvi dizer que o calor acima de 15 graus Celsius é efetivo.
Enquanto curtia o calor me toquei que o vírus chinês demora para matar, que o resultado do exame demora para sair, e que eu devo ter ficado doido de acreditar em um simples boato.
Por isso voltei à atmosfera terrestre e me dei por satisfeito de viver abaixo da linha do Equador, onde não tem pecado e o SUS está recebendo uma injeção multibilionária de recursos, pois o Brasil descobriu que basta imprimir dinheiro para bancar todo o isolamento social necessário para garantir a sobrevivência da população.
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segunda-feira, 29 de outubro de 2018
A GUERRA POLÍTICA E O PODER DA LINGUAGEM
E os campos talados,
E os arcos quebrados,
E os piagas coitados
Já sem maracás;
E os meigos cantores,
Servindo a senhores,
Que vinham traidores,
Com mostras de paz.
I-Juca Pirama, Gonçalves Dias
Temos que encarar a partir do próximo ano de 2019 uma nova guerra política e social em defesa das instituições, muito diferente da ora superada guerra eleitoral, pois iniciará em amplo espectro de lutas pelo futuro de nossa Nação, e, no meu entender, um dos mais fundamentais teatros de operações será o campo de batalha da linguagem (escrita, falada, musical, intelectual, midiática, política e educacional).
A linguagem é uma manifestação física do pensamento, o ato de pensar é operar ideias, e idear é formar imagens, cuja realidade pode estar numa simples ilusão mental, como também pode ser o ato de acessar o campo da verdadeira realidade, aquela que vive na eternidade. Será que estou um pouco platônico hoje?
O domínio da linguagem é o primeiro domínio da ação política, pois a palavra move a mente, e esta move o corpo, e muitas pessoas movem o mundo.
A "coisa em si" da política é poder da personalidade humana, e um fator fundamental é sua boa formação moral e cultural (1), é o poder pessoal de mobilizar outras vontades para um objetivo comum, certo ou errado, virtuoso ou vicioso, não importa, o poder pessoal de mobilizar muitas vontades e fazê-las marchar como uma só pessoa é capaz de modificar a história.
Política é o reino em que uma pessoa, em sua ação humana determina outras ações humanas, e as subordina, essa é manifestação do poder: pessoas mandando em pessoas.
Não existe um ser inerente ao acontecer político, o que existe é uma ocasião para o pecado, ou para a santidade.
Quando discutimos sobre política, falamos sobre vícios e virtudes de pessoas que são investidas de mandatos, ou simplesmente de poder, pois o poder deriva da energia acumulada pela representação (mandato) de grupos, multidões e povos.
Política não é um objeto de estudo que obedece categorias ontológicas, não existe um "ser" na política, trata-se um fenômeno derivado da vontade humana, que possui o potencial para o bem ou para mal.
Alguém percebeu que esta é a primeira vez, na história recente do Brasil, e dos últimos 50 anos, que o Povo venceu reiteradas batalhas políticas (2013, 2016 e 2018) e, com isso, vem criando um novo domínio da linguagem?!
Desde a forma mais coloquial, até a forma mais acadêmica de comunicação, passando pela manifestação humorística e artística, musical e performática, gráfica e gestual, a linguagem está em efervescência, e foi esta força da linguagem, e a comunicação propiciada pelas mídias eletrônicas que forjaram este momento.
Em 2013 o Olavo de Carvalho havia destacado que estava o movimento rebelde popular falto de um líder, e que quando muito poderia surgir uma liderança com a função de representar um símbolo catalisador dos anseios em ebulição, e, este símbolo, já estava em processo de crescimento, e o Povo que não é bobo já o havia cognominado de Mito, mas seu nome próprio já traz Messias.
Um ponto de partida para a renovação do debate político, pelo menos, seria mudar o foco para a discussão sobre a definição do que seja um conservador e um não-conservador, creio que esta é definição que se deve buscar.
O conflito político de nosso tempo é esta luta pela supremacia da comunicação de idéias, e, confesso que fiquei besta, ao ponto de minha cara cair ao chão, pois acabei de descobrir que o Norberto Bobbio é um seguidor da teoria de Gramsci, e que a ideia tão propalada de "sociedade civil" é um jargão para encobrir a realidade de hegemonia da esquerda revolucionária (2).
Para Gramsci a sociedade civil é a manifestação da hegemonia da revolução comunista que domina as idéias (superestrutura), mediante educação, cultura e imprensa, e a economia e o governo (estrutura) mediante a hegemonia que absorve a sociedade política e cria a Igreja-partido que substitui a força pela hegemonia do consenso revolucionário tatuado profundamente na alma humana, mediante a supressão de qualquer dissonância de idéias. A sociedade civil é a manifestação do partido do pensamento único que se julga politicamente correto.
A Revolução Francesa (3) começou com uma Assembléia Constituinte revolucionária, onde havia uma esquerda da esquerda e uma direita da esquerda, prosseguiu com a Convenção em que esquerda da esquerda foi suplantada pela extrema esquerda da esquerda, e concluiu com um arremedo de República Romana, com direito a triunvirato, sendo sucedido por um Imperador.
Daí ficam ensinando essa ladainha de que foi a Revolução Francesa que criou a Esquerda e a Direita, sejamos francos, os franceses fizeram uma versão esquerdista e revolucionária daquilo que os americanos fizeram na forma de uma revolução libertadora e conservadora.
Pedro Calmon (4) refere a natureza episódica, e topográfica, na criação da definição de direita e esquerda, por ocasião da Revolução Francesa, para em seguida sintetizar a diferença entre a atitude serena e conservadora da atitude precipitada e emocional:
"os caminhos divergentes da solução serena, portanto conservadora, e da solução precipitada, portanto emocional, dos problemas do povo, com as respectivas doutrinas, de evolução ou revolução"
Para finalizar rememoro Aristóteles para quem todas as comunidades visam algum bem, e a comunidade mais elevada de todas é aquela que engloba todas as outras, e esta visará o maior de todos os bens (5), mas o mesmo filósofo destaca que em assuntos de política de Estado, um teórico costuma ser incapaz de praticá-la, enquanto que o político possui uma capacidade intrínseca e experimental (6), todavia, tanto faz se for o cientista político, ou o próprio político, devemos manter o foco de que a melhor coisa que pode acontecer é haver uma preocupação comum com um fim correto (7).
NOTAS
(1)"Se, por conseguinte, tal como foi dito, para que alguém se torne uma pessoa de bem tiver de ser corretamente educada e formada nos bons hábitos e seguir a sua vida de forma a preenchê-la com ocupações úteis e não praticar ações vis, voluntária ou involuntariamente, tal é possível que venha a acontecer, se os homens projetarem as suas existências de acordo com certa forma de compreensão e segundo uma ordem correta que tenha força para prevalecer." (1180a15) [Aristóteles, Ética a Nicômaco, Atlas, 2009, p. 242]
(2) Um esclarecedor trecho de lavagem cerebral, com a qualidade do selo da teoria gramsciana, da autoria de Norberto Bobbio, quando esse comunista das letras jurídicas define "o conceito de sociedade civil": "No início do século XIX, como já disse, as primeiras reflexões sobre a revolução industrial tiveram como consequência uma inversão de rota diante da relação sociedade-Estado. É um lugar-comum que nos escritos jusnaturalistas, a teoria do Estado é diretamente influenciada pela concepção pessimista ou otimista do estado de natureza; quem considera o estado de natureza como malvado concebe o Estado como uma inovação, enquanto quem o considera como tendencialmente com tende mais a ver o Estado uma restauração. Esse esquema interpretativo pode ser aplicado aos escritores políticos do século XIX, que invertem a rota da relação sociedade/Estado, vendo concretamente a sociedade industrial (burguesa) como a sociedade pré-estatal: existem alguns, como Saint-Simon, que partem de uma concepção otimista da sociedade industrial (burguesa), e outros, como Marx, de uma concepção pessimista. Para os primeiros, a extinção do Estado será uma consequência natural e pacífica do desenvolvimento da sociedade dos produtores; para os segundos, será necessária uma viravolta absoluta, e a sociedade sem Estado será o efeito de um autêntico salto qualitativo. O esquema evolutivo que parte de Saint-Simon prevê a passagem da sociedade militar para a sociedade industrial; o de Marx, ao contrário, a passagem da sociedade (industrial) capitalista para a sociedade (industrial) socialista.
O esquema gramsciano é indubitavelmente o segundo; mas a introdução da sociedade civil como terceiro termo, após a identificação da mesma não mais com o estado de natureza ou com a sociedade industrial (ou, mais genericamente, com a sociedade pré-estatal), e sim com o momento de hegemonia, ou seja, com um dos momentos da superestrutura (o momento do consenso contraposto ao da força), parece aproximá-lo do primeiro esquema, na medida em que, nesse, o Estado desaparece em consequência da extinção da sociedade civil, isto é, mediante um processo mais de reabsorção do que de superação. Desse modo, o significado diverso e novo que Gramsci atribui à sociedade civil nos deve colocar em guarda contra uma interpretação excessivamente simplista: contra a tradição que traduziu na antítese sociedade civil/Estado a antiga antítese entre estado de natureza/Estado civil, Gramsci traduz na antítese sociedade civil/sociedade política uma outra grande antítese histórica, a que se dá entre a Igreja (e, em sentido lato, a Igreja moderna é o partido) e Estado. Por isso, quando fala de absorção da sociedade política na sociedade civil, ele pretende referir-se não ao movimento histórico global, mas somente ao que ocorre no interior da superestrutura, a qual é condicionado por sua vez - e em última instância - pela modificação da estrutura: temos, portanto, absorção da sociedade política na sociedade civil, mas, ao mesmo tempo, transformação da estrutura econômica dialeticamente ligada à transformação da sociedade civil." (Norberto Bobbio, O conceito de sociedade civil, original italiano: Gramsci e la concezione della societá civile, Edições Graal Ltda., Rio de Janeiro, 1994. 51-2)
(3) A magistratura e a advocacia sempre teve um pé bem enterrado em movimentos revolucionários esquerdistas: "Aos 5 de maio de 1789, [...] a França, via, com uma curiosidade inquieta desfilarem êsses deputados eleitos por quatro milhões de cidadãos reunidos nos diversos pontos do reino, em quinhentos colégios eleitorais, para revelarem e para corrigirem os abusos, na conformidade dos mandatos. Quanto não devia esperar da admirável harmonia com que êsses mandatos tinham sido redigidos, e do predomínio popular das eleições! De trezentos deputados do clero, só quarenta e novem eram bispos; a nobreza não contava mais de duzentos e oitenta e cinco membros, [...]. Em seiscentos representantes do terceiro Estado, compreendiam-se cento e cinquenta e três magistrados inferiores, cento e noventa e dois advogados, apenas setenta e seis proprietários e poucos homens de letras." (Cesar Cantú, História Universal, Editôra das Américas S.A, vol. XXVIII, São Paulo, p. 10)
(4) "Direita e esquerda. Não previu Rousseau a divisão em partidos da massa parlamentar. Na Inglaterra liberais e conservadores provinham històricamente das fôrças desavindas, 'lordes' e 'comuns', separadas mais tarde, em dois grupos de interêsses atendidos por duas diferentes concepções de vida. Eram partidos orgânicos, cuja duração refletia uma ação inesgotável.
A Convenção francesa, trabalhada pelas diferenças ideológicas ao fogo das paixões quotidianas, desmembrou-se em direita e esquerda - sentando-se de uma lado e de outro da assembléia os moderados e os revolucionários - para que, naquela tempestade política, houvesse, pelo menos, uma distinção topográfica. Ficaram os apelidos. Para partidos permanentes rótulos 'à inglêsa". Para atitudes sociais, classificação 'à francesa". Referiu-se esta à filosofia e aquela à composição. Esquerda e direita, tornaram-se tendências; liberais e conservadores, as facções. E a reação se chamou genèricamente - ultramontana. Tornaram os caminhos divergentes da solução serena, portanto conservadora, e da solução precipitada, portanto emocional, dos problemas do povo, com as respectivas doutrinas, de evolução ou revolução, cujo debate encheria o século XIX e cuja decisão alcança os nossos dias." (Pedro Calmon, História das Idéias Políticas, Livraria Freitas Bastos S.A., 1952, p. 241)
(5) "Observamos que toda a cidade é uma certa forma de comunidade e que toda a comunidade é constituída em vista de algum bem. É que, em todas as suas acções, todos os homens visam o que pensam ser o bem. É, então, manifesto que, na medida em que todas as comunidades visam algum bem, a comunidade mais elevada de todas e que engloba todas as outras visará o maior de todos os bens. Esta comunidade é chamada 'cidade', aquela que toma forma de uma comunidade de cidadãos." (1252a1-5) [Aristóteles, Política, Editora Vega, Lisboa, 1998, p. 49]
(6) "[...] no caso da perícia em assuntos de política de Estado, nenhum dos que proclamam ensiná-la, os sofistas, a põe em prática. Ela é antes exercida por aqueles que tomam parte em assuntos de política de Estado, os quais parecem mais pô-la em prática através de certa quantidade através de certa capacidade que lhes é intrínseca e pelo conhecimento obtido por experiência do que por uma qualquer forma de pensamento compreensivo dos assuntos. Pois ninguém os vê ler nada ou escrever o que quer que seja acerca desses assuntos (ainda que isso lhes trouxesse, eventualmente, mais fama do que a redação de discursos forenses e de natureza parlamentar), ou terem feito dos seus filhos ou de alguns dos seus amigos homens com capacidade e de ação política." (1181a1-5) [Aristóteles, Ética a Nicômaco, Atlas, 2009, p. 244]
(7) "A melhor coisa que pode acontecer é haver uma preocupação comum com um fim correto [e que haja o poder de o pôr em prática]. Mas quando isto é completamente negligenciado pela comunidade, parece evidente que caba a cada um contribuir para que os próprios filhos e amigos obtenham uma orientação em direção à excelência, ou pelo menos para se decidirem nessa direção" (1180a30) [Aristóteles, Ética a Nicômaco, Atlas, 2009, p. 242-3]
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sábado, 18 de agosto de 2018
UM RESUMO SOBRE NOSSA ATUAL SITUAÇÃO COLONIAL
Collor exibe foto de ex-presidentes juntos em avião |
O PSDB, na condição de um governo Social-Democrata-Endividador preparou, durante a década de 1990, o terreno político-econômico para a posterior dominação petista, com políticas que ensejaram o aumento da dívida pública interna (Plano Real), com a intensificação da carga tributária para sustentar o serviço da dívida, bem como criou instrumentos legais que fomentaram a concentração e a cartelização do mercado nacional, por meio da ação das Agências Reguladoras e do CADE.
As instituições legais e administrativas criadas pelo PSDB sempre possuíram um forte potencial autoritário, estavam lá à disposição de quem fosse ousado para lançar os dados, e experimentar sua própria sorte.
Os fatores acima mencionados possibilitaram a ascensão ao poder do governo Comuno-Revolucionário-Saqueador sob a administração do Partido dos Trabalhadores (Internacionalistas) na década dos anos 2000, que a partir da década de 2010, com a eleição da "Presidenta" Dilma, de triste prosódia, cuja expressão oral mais parecia uma prosopopeia de um poste falante, almejaram iniciar a fase destrutiva do projeto de dominação, destruição que começou pela desorganização da economia capitalista brasileira, seja pelo processo de encarecimento das fontes energéticas por meio de políticas desastrosas de preços (gasolina e energia elétrica), seja pela destruição das economias domésticas de cada família, por meio do endividamento progressivo, entre outras políticas destrutivas, tal projeto que foi abortado às vésperas de se tornar irreversível quando o movimento popular sustentado em comunicações por meio de redes sociais desencadeou os maiores protestos da História Brasileira a partir das Jornadas de Junho de 2013.
Hoje vagamos por uma terra arrasada após 21 anos de governo da agremiação socialista PSDB/PT, margeados por 8 anos de governos do (P)MDB, cuja marca fundamental, neste último caso, foi a ascensão oportunista de vice-presidentes, conjugação esta que nos legou um resultado equivalente ao de uma nação destroçada pela guerra total, inclusive em número de mortos e feridos, dado que estamos em meio a uma guerra na qual o povo é massacrado pelos senhores do crime.
O professor de comunismo (1) Fernando Henrique Cardoso escreveu obras (2) sociológicas sobre o desenvolvimento econômico, na qual postula-se a teoria da dependência, em que uma nação é fornecedora de matérias primas, enquanto que a nação considerada central fornece bens com valor agregado.
O FHC da academia aplicou sua teoria em sua prática ao assumir a presidência, ou seja, agiu para que um novo colonialismo fosse instaurado, as privatizações e regulações promovidas nos anos 1990 adotaram este foco de nos tornar produtores de matéria primas e consumidores de importações de produtos manufaturados, o que vem provocando nossa atual desindustrialização ao longo das últimas décadas, ao ponto de hoje nossa pauta de exportações ser predominantemente de produtos primários, extrativistas e agrícolas.
Irônico pensar que desde o fim do Regime Militar, abandonamos o orgulho da autonomia, e nos transformamos numa nação que é séria candidata a virar colônia econômica da China, ou coisa pior.
Notas:
(1) O “Grupo do Capital” ou “Seminário Marx’, composto por professores e estudantes da USP no final dos anos 1950, inovou na leitura do consagrado livro “O Capital” do intelectual alemão Karl Marx. O grupo foi iniciado pelos então professores assistentes José Arthur Giannotti, da filosofia, Fernando Henrique Cardoso, das ciências sociais e Fernando Antonio Novais, da história.
(2) A obra trata de forma muito clara e concisa a transição desse modelo nacional-populista, no caso brasileiro, para um modelo dependente-associado, marcando um esgotamento das políticas econômicas anteriores e uma necessidade de reformas estruturais que não mais poderiam ser levadas a cabo pelo modelo antigo. Nesse período surgiam teorias, por um lado, de cunho nacional-desenvolvimentista – que pregavam o desenvolvimento autônomo nacional – e por outro, de cunho socialista. FHC propunha uma solução alternativa. Em suas palavras:
as alternativas que se apresentariam, excluindo-se a abertura do mercado interno para fora, isto é, para os capitais estrangeiros, seriam todas inconsistentes, como o são na realidade, salvo se se admite a hipótese de uma mudança política radical para o socialismo (CARDOSO & FALETTO, 1977, p. 120).'"
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sábado, 2 de junho de 2018
ORIGEM GOVERNAMENTAL DA CRISE DO SETOR DE TRANSPORTES: BNDS e a crise no setor de transportes terrestres de carga
A greve dos caminhoneiros possui origens em uma profunda crise do setor, na qual a inflação de crédito promovida pelo BNDS provocou o excesso de oferta de caminhões no mercado que causou uma deflação no preço do frete.
Entre 2008 e 2015 o BNDS facilitou o crédito para aquisição de caminhões, fato que multiplicou a frota, como houve maior oferta de serviço o preço do frete sofreu deflação, ocorre que este fenômeno de rebaixamento de preços já não cobre o custo da produção do transporte, ou seja, o custo real deverá ser repassado, o velho dragão da inflação irá rugir em breve.
Cito uma esclarecedora passagem da Dissertação de Mestrado de Carlos Gonçalves sobre o tema:
"Como análise adicional, este estudo apresenta uma verificação da causalidade do crédito. O resultado contrasta com a expectativa, pois não foi constatada relação causal de crédito para vendas, como seria esperado, tendo em vista as políticas do BNDES que sabidamente utilizaram a expansão do crédito para sustentar a demanda no segundo período (2008-2015)." (in Carlos Gonçalves - Dissertação - O mercado de caminhões no brasil, FGV, 2016)
Outro fator que é importante para descrever a crise que oprime os caminhoneiros está contido nas estatísticas oficiais da ANTT - Agência Nacional de Transporte Terrestre, cujos dados relativos aos anos de 2015/2016, durante o auge da crise econômica legada pelo Partido dos Trabalhadores, que revelam um impacto negativo brutal no número de caminhoneiros autônomos (TAC - Transportador Autônomo de Carga) em atividade que decresceu em um ano de 918.391 para 622.328.
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sexta-feira, 8 de setembro de 2017
AS CORES DA BANDEIRA DO BRASIL
A escolha de nossas cores nacionais não foi um mero capricho do Príncipe Regente. É que o significado das cores elegidas para representar um grupo, um povo ou uma nação, tem sempre profundas raízes históricas que a tradição mantém vivas.
O VERDE - Do verde, como cor distintiva de um povo, há referências que remontam a mais de dois mil anos. Segundo velhas crônicas, os antigos lusitanos arvoraram uma bandeira quadrada branca, servindo de campo a um dragão verde. O curioso é que esta figura mitológica, vencendo as barreiras do espaço e do tempo, iria aparecer no projeto da nossa primeira Bandeira Nacional, criada por Debret, em 1820. E mais: perduraria até nossos dias, como emblema regimental dos nossos Dragões da Independência.
Por que o verde fora escolhido pelos lusitanos, uma aguerrida raça de pastores, simples, mas ardorosos amantes da liberdade, os mais fortes dentre os mais fortes dos iberos? Seria a lembrança natural da cor dos ramos que por primeiro agitaram como insígnia? Os dos majestosos carvalhos das encostas da Serra da Estrela, onde o legendário Viriato comandara a heróica resistência de seu povo contra as legiões romanas? O certo é que o verde, desde aqueles tempos ancestrais, lembra as lutas libertárias, as grandes conquistas e, acima de tudo, a esperança e a liberdade.
Viriato, Rei dos Lusitanos
Na sua agitada guerra contra os mouros, os portugueses adotaram o verde primitivo dos lusos como suas cores nacionais e este era o matiz da famosa "Ala dos Namorados", a destemida vanguarda de sua Cruzada. Verde era igualmente o estandarte de Nun'Álvares, arvorado na batalha de Aljubarrota.
Verde seria, muito tempo depois e nestes sertões do Novo Mundo, o pendão do nosso bandeirante Fernão Dias Pais Leme, o Governador das Esmeraldas.
O AMARELO - Desta cor se sabe que passou a figurar, a partir de 1250, no brasão de armas de Portugal, logo depois da conquista do Algarve. Assim, em ouro (amarelo), são os castelos que representavam as fortalezas tomadas aos mouros. O amarelo recorda, ainda, as cores do Reino de Castela, ao qual, por muito tempo, Portugal pertenceu, até sua independência. E uma esfera armilar de ouro sobre campo azul vem compor as armas do Reino do Brasil.
Em 29 de setembro de 1823, o nosso agente diplomático junto à Corte de Viena descrevera a Metternich a bandeira do novo Império do Brasil. Sobre as suas cores dissera que D. Pedro I escolhera o verde por ser esta a cor da Casa de Bragança; e a amarela, "a Casa de Lorena, que usa a Família Imperial da Áustria". A Casa de Bragança procedia de D. Pedro I, antes mesmo de rei, quando ainda simples mestre da Casa de Avis. Aquela Casa reinaria durante 270 anos, desde 1640 até o fim da monarquia portuguesa, em 1910.
O verde é a cor da figura principal do nosso primeiro brasão, as Armas do Estado do Brasil - inspirado na árvore que lhe deu nome.
Bandeira da Fundação
O AZUL E O BRANCO - A referência mais antiga sobre estas cores vem de fins do século XI, quando foram adotadas como cores do Condado Portucalense, fundado em 1097. D. Henrique de Borgonha criou, com insígnia, uma bandeira também chamada Bandeira da fundação: uma cruz esquartelando um campo branco em partes iguais.
São estas mesmas as cores que o seu filho, Afonso Henriques, levará à batalha do Ourique, arvoradas na bandeira paterna. Após as primeiras vitórias sobre os mouros, Afonso Henriques lhe modifica o desenho mas mantém as cores, o mesmo azul-e-branco que Luís de Camões defendeu como soldado e exaltou como poeta, "braços às armas feito, mente às Musas dado".
Bandeira das Quinas
Nos séculos XV e XVI, as naus portuguesas ostentam, ao lado da bandeira oficial, muitas outras de caráter mais restrito: além da bandeira da Ordem de Cristo, a mais importante é a do Comércio Marítimo, que consta de um campo azul com 5 besantes de prata. Besantes são figuras heráldicas que assim se chamam por simularem as "moedas de Bizâncio", as antigas moedas bizantinas de outro e prata. Esta bandeira - a do Comércio Marítimo, ou das Quinas - aparece em dos primeiros mapas do Brasil, feito em 1534.
LUZ, Milton. A história dos símbolos nacionais: a bandeira, o brasão, o selo, o hino. Senado Federal: Distrito Federal, 1999, p. 16-17
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quinta-feira, 17 de agosto de 2017
O MITO DO HERÓI E JAIR BOLSONARO
A página do STJ no facebook nunca foi tão "avaliada" em sua existência, como depois da confirmação da condenação do Deputado Federal Jair Bolsonaro ao pagamento de uma indenização civil àquela senhora defensora de menores infratores.
Jair Bolsonaro foi condenado a pagar a bagatela de 10 mil reais, e, em troca recebeu gratuitamente uma massiva campanha de "marketing involuntário", gerenciada por aquela "agência de propaganda" denominada STJ que destacou com tanta ênfase a notícia com a seguinte chamada: "Jair Bolsonaro terá de indenizar deputada Maria do Rosário por danos morais".
O Deputado Jair Bolsonaro é tão sortudo, mas tão sortudo, que até quando é condenado obtêm resultado prático melhor que o de uma absolvição, uma vez que uma condenação tão evidentemente injusta e contraditória tem mais forte repercussão social que uma óbvia decisão coerente com a realidade. A narrativa mitológica bolsonariana só se fortalece com tal condenação.
Por falar em narrativa mitológica, há uma distinção fundamental entre o mito na antiguidade e a compreensão sobre o mito após a boa nova cristã, que está justamente no reconhecimento da inocência fundamental do herói trágico, transformação operada pelo exemplo histórico presente na Paixão de Cristo.
O herói trágico, nas narrativas antigas, é a vítima sacrificial eleita pela fatalidade, que mesmo inocente de culpa e dolo aceita sua condenação, pois nem o herói é capaz de perceber-se fora da lei do eterno retorno mitológico da violência sagrada tão forte na cosmovisão pré-cristã.
O herói, após a instauração da percepção cristã da realidade, foi reconhecido como uma vítima da injustiça do sacrifício em nome da necessidade de se aplacar a violência social, o herói foi rebatizado de vítima inocente, mártir, e dependendo das circunstâncias pode ser reconhecido como um santo.
O brasileiro tem a clara percepção da injustiça inerente à condenação civil de Jair Bolsonaro, isso consolidará a sua narrativa heróica, pois nossa cultura é penetrada até a raiz pela percepção cristã da inocência da vítima injustamente sacrificada em nome dos poderes deste mundo.
Werner Nabiça Coêlho - 17.08.2017
Werner Nabiça Coêlho - 17.08.2017
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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017
GUERRA CIVIL À BRASILEIRA
Um dos lugares comuns, da retórica do cotidiano de todo brasileiro, é a afirmação de que é óbvio que "estamos numa guerra civil não declarada", inclusive, tal assertiva é parte do senso comum em vigor, e, por mais de três décadas, as classes política e jornalística vêm repetindo esse discurso.
O que mais me chama a atenção, nos massacres ocorridos nos presídios neste início de 2017, é o desproporcional destaque político, e a repercussão na imprensa, que deram uma dimensão extravagante ao problema, pois o índice de mortes no sistema prisional é 200 vezes menor que o padrão do índice fora da prisão.
É como se estivéssemos presenciando uma radicalização do discurso dos direitos humanos relativo aos "pobrezinhos forçados pela sociedade a cometer crimes", e, por isso, como o massacre não pode ser imputado diretamente à atuação policial, então se faz necessário que o Estado seja imediatamente responsabilizado, mediante apressadas medidas indenizatórias, e ações de segurança pública com foco unicamente no sistema prisional.
Questiono-me se a rápida concessão de indenizações não é mais por temor de ações terroristas do PCC, como aquelas ocorridas anos atrás em São Paulo, uma vez que é sabido ser o governo do Estado do Amazonas um aliado da máfia denominada Família do Norte.
Sim, a guerra das máfias foi revelada ao público.
Não nos esqueçamos que a forma institucional do comunismo quando se consolida no poder é a forma de um Estado do Crime.
Então, como escapamos de uma recente tentativa de instituição de tal projeto político no plano oficial, fomos surpreendidos pela constatação de que este projeto continua como um ovo de serpente dentro das prisões.
O que falta para o surgimento de guerrilha e terrorismo no Brasil? NADA!
O grande temor das covardes autoridades públicas brasileiras é o transbordamento da guerra civil mafiosa para o resto da sociedade, em seu mais alto nível, e que tais autoridades passem à condição de alvos preferenciais, pois, certamente, conhecem o verdadeiro Poder desses homens violentos... e se mijam de medo.
A guerra subterrânea da máfia brasileira foi revelada, com um estranho sabor Norte versus Sul, na luta pelo território brasileiro, cujos quartéis são os próprios presídios.
Werner Nabiça Coêlho - 11.01.2017
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