sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

O POLITICAMENTE CORRETO É A LIBERDADE SOCIALIZADA

Não há inferno. Bosch, parte do Jardim das Delícias

A verdade não é um artigo que se possua como um objeto material, é algo que se revela na forma de uma realidade, cujo conhecimento demonstra algo objetivo, é um obstáculo, é um pedra de tropeço, é um escândalo, e, por mais que o subjetivismo individualista, ou socialista, se rebele perante tal concretude, perdura a verdade como algo luminoso que se evidencia de forma penetrante aos olhos do corpo, do intelecto e do espírito, afinal, a verdade é algo politicamente incorreto, dado que a política é o reino da mentira.

Quando alguém acredita que a verdade é subjetiva, e, portanto, relativa a cada pessoa, acaba por considerar que a verdade é algo que se inventa livremente, ou seja, julga-se que qualquer mentira pode ser considerada uma verdade com fundamento unicamente na vontade individual, daí, quando uma mentira é encampada por um grupo de indivíduos cria-se o argumento de que a mentira... digo, a "verdade" desse grupo deverá ser imposta por ser uma "verdade" considerada necessária pela vontade política de um grupo, assim temos a mentira coletivizada erigida ao estado de "verdade politicamente correta", realmente, na alma liberal se esconde o monstro socialista.

COM A INTELIGÊNCIA SENTIMOS, DESEJAMOS, DECIDIMOS E INVESTIGAMOS



A inteligência é uma harmonia musical composta de sentimento, desejo, vontade e razão.

A filosofia moderna reduziu-se a considerar a inteligência como o mero exercício do elemento racional, e, pior, somente considera o aspecto racional em sua forma discursiva, como se palavras e abstrações mentais fossem realidades mais tangíveis que a própria realidade concreta.

A chave teórica dos quatro discursos, proposta por Olavo de Carvalho, nos habilita a afirmar que a inteligência principia pelo sentimento, que é um fruto direto da percepção estabelecida no contato com a realidade concreta em seu nível empírico e intuitivo, que possibilita o desenvolvimento do discurso mito-poético, esta linguagem do ponto vista antropológico recebe um forte aporte quando enfocado pela teoria mimética de René Girard.

A poética é forma inicial da linguagem que processa a percepção primária em formas imaginativas de representação simbólica do real, é o salto no ser descrito por Eric Voegelin, justamente por ser a forma que mais entra em contato com o esplendor da criação, e de onde se origina a linguagem simbólica grávida de significados, cujos infinitos sentidos são decantados nos demais níveis da linguagem.

O desejo de se impor perante seus pares é o instinto humano essencial, e, com base em posturas que postulam a dominância nas relações interpessoais cria-se a linguagem retórica, que nada mais é que o domínio da linguagem para defesa de interesses e objetivos pessoais na luta pelo poder social.

Mas, como necessitamos viver em sociedade, e como há resistências que devem ser vencidas constantemente, e, constata-se que quando é excluída a possibilidade de exercício da força e da violência pura e simples, há a necessidade de ser estabelecido um acordo de vontades para possibilitar o confronto controlado (dialético) das retóricas.

O objetivo de obter o consenso é o de estabelecer instituições que dependem de trocas e acordos possibilitadores do convívio em sociedade, assim, a vontade de coexistir deverá obter meios de gerenciar os desejos e os sentimentos interindividuais para possibilitar a discussão civilizada e política, este é padrão da linguagem dialética, o meio pela qual a linguagem investiga a realidade e obtém padrões conceituais e de conduta que podem ser aceitos como verdades estabelecidas e são condições de possibilidade para sobrevivência da comunidade.

A linguagem dialética é fértil por adotar o referido modelo investigativo, que imprime o hábito da racionalidade no processo de discussão de fenômenos e idéias, e, quanto mais aperfeiçoado o método dialético, mais clareza se obtém na formulação de conceitos e descrições de fatos, ao ponto de estabelecer certezas que influirão no processo de criação da própria ciência.

Prosseguindo-se nesse processo revelam-se os marcos práticos e teóricos da razão, que na posse das premissas reveladas nas etapas anteriores, é capaz de promover raciocínios silogísticos, que instrumentalizam a linguagem lógica, que é a forma de expressão do conhecimento científico, mas sua base é o processo de investigação dialética.

Ora, o momento decisório é a situação na qual há necessidade de se obter algum nível de certeza, a ciência bem estabelecida é tal qual uma arte premonitória, pois estabelece corretamente as relações de causa e efeito, que são tão bem expressas pelas estruturas silogísticas.

Sentimos, desejamos, decidimos e investigamos a realidade com nossa inteligência, pois é inegável que nunca deixaremos de nos deleitar em contemplar o arranjos que presenciamos na criação.

Werner Nabiça Coêlho

QUEM MANDA NAS MINHAS IDÉIAS?



Quem manda nas minhas idéias? 

Ao longo dos anos fui agraciado com algumas jóias, que passo a inventariar:

A ontologia aristotélica (com sua causa primeira que funda a verdade da realidade objetiva);

A teoria das idéias platônicas (que explica o caráter metafísico e eterno da verdade e inteligência da criação);

A teoria dos quatro discursos (que explica organicamente a relação entre poética, retórica, dialética e lógica) de Olavo de Carvalho;

A teoria do desejo mimético de René Girard (cujo mecanismo mimético criador do bode expiatório esclarece a fundação da cultura desde seu nível de criação da expressão verbal até à própria boa nova cristã, segundo uma perspectiva antropológica que justifica a necessidade do sagrado como mecanismo contentor da violência);

A teoria da causalidade vertical de Wolfgang Smith (que demonstra a existência da permanência da criação a partir das descobertas científicas da física quântica), que por sinal é um aplicação da teoria do hilemorfismo de Aristóteles (que demonstra a unidade essencial da forma e da substância de um determinado ser);

Lembro que o Estagirita também me presenteou com a teoria das quatro causas (formal, material, substancial e final), não posso esquecer da teoria tridimensional do direito do Miguel Reale (fato, valor e norma).

Daí volto ao Olavo e sua teoria do meta-capitalismo e suas extensas demonstrações sobre a natureza da economia e da sociedade utilizando-se dos fundamentos teóricos a respeito do mito e do símbolo segundo as bases de Eric Voegelin e Shelling, daí, com base em alguns outros autores (Alain Peyrefitte, Bertrand de Jouvenel, Pascal Bernardin, Richard Pipes, Jeffrey Richard Nyquist e outros que foram introduzidos pelo Olavo no abecedário nacional), e lembro dos discípulos do COF, aos quais me furto de indicar para que não vire uma listagem sem fim.

Penso que quem manda nas minhas idéias ainda sou eu, mais pelo menos sei quem anda me enviando os suprimentos e alicerces de minha cabana intelectual.

Werner Nabiça Coêlho

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS: TEMPO E ESPAÇO SÃO SUCESSIVIDADE E SIMULTANEIDADE (CAP. 06 - D)



Observações preliminares.

O Filósofo Mário Ferreira dos Santos sempre advertia no início de suas obras a respeito da importância do vocabulário, e, principalmente, de seu elemento etimológico, e, já nos idos dos anos 1960 ele alertava que utilizaria certas consoantes mudas, já em desuso, mas muito importantes para "apontar étimos que facilitem a melhor compreensão da formação histórica do têrmo empregado", e, em razão desta técnica de exposição, escolhi realizar as transcrições do texto em seu formato gramatical original (com exceção das tremas).


É fundamental da filosofia pitagórico-platônica a presença do allós, do outro, como o khosmos, que é outro que o Ser Supremo. O khosmos implica heterogeneidade, implica o héteros, o outro, distinto, e o modo de ser especìficamente êste ou aquêle é o modo de ser que é outro que outro. A afirmação do Ser Supremo implica o allós, porque é, unìvocamente, êle mesmo, e em plenitude ontológica êle mesmo, e também o poder de realizar tudo quanto pode ser, o que pode vir-a-ser, os possíveis, que são outros que outros. A afirmação do Ipsum Esse, o ser si mesmo, exige o ser outro, o conjunto das coisas outras, allós.

O que é outro que outro, só pode ser tal, simultânea ou sucessivamente pois a disjunção é perfeita, como vimos, o fundamento é, pois, ontológico e não psicológico apenas, como o queria Kant. Dêste modo, o que fundamenta o espaço é a simultaneidade, como o que fundamenta o tempo é a sucessividade. Estas, ontològicamente, antecedem aquêle, e o existir outro, que é o existir heterogêneo, das coisas que não são em plenitude ontológica, implica a presença da simultaneidade e da sucessividade. E a sensibilidade do ser psicològicamente organizado não poderia ser distinta, pois não haveria sensação sem o outro que outro, porque sentir é afirmar, de certo modo, outro que outro, e essa afirmação implica a copresença da simultaneidade e da sucessão, em graus maiores ou menores.


Dêste modo, o tempo e o espaço, que para Kant são formas puras da sensibilidade, são, realmente, esquemas posteriores, que se fundamentam na simultaneidade e na sucessão, que são primordiais, não só da sensação, como do próprio existir e do ser, o que lhes dá uma razão ontológica (1). E é esta razão ontológica que empresta validez e segurança à experiência no sentido kantiano, a qual termina por desvanecer-se quanto ao seu valor, como vimos na análise que fizemos da obra daquele autor em "Filosofia Concreta" e, sobretudo, em "As três Críticas de Kant".

A justificação da continuidade da extensão, considerada não só matemática, como fisicamente, fundamenta-se na não coincidência das partes, que se dão umas extra às outras. As coisas quantitativas são compostas de partes extra partes, mas, por serem estas tomadas extensivamente, são divisíveis em partes, pois onde há extensão há distância. Esta, enquanto tal, é homogeneamente ela mesma em sua especificidade, e, considerada matemàticamente é, portanto, divisível em partes extensas in infinitum. Todo modo de ser quantitativo é, pois, enquanto tal, divisível in infinitum, quando considerado em sua extensidade.



A extensão pode ser considerada como actual ou como virtual. É actual aquela que tem de fato partes extra partes, as quais não coincidem todas no mesmo ponto. Essa extensão pode ainda ser local e não-local. É local, quando comensurada com o lugar, como o são os corpos. É não-local, quando incomensurável com o lugar, quando é toda no todo e toda em cada uma das suas partes singulares, cuja realidade é matéria controversa. Contudo, no caso dos anti-prótons, que revelam, ao anular os prótons, que o resultado não tem extensidade apta a ser captada pelos sentidos, ampliados por instrumentos, não se pode admitir que esse resultado seja uma aniquilação total do ser, o que é ontologicamente impossível e, portanto, absurdo, como o provamos em "Filosofia Concreta". O que resulta, a chamada anti-matéria na física moderna é anulação da extensão atual ou potencial, mas, se for a primeira, será não-local.



Chamam, ainda, de extensão aptitudinal o accidente que tem partes integrantes (que são as que não constituem a essência de uma coisa, pois estas são as partes essenciais). As partes essenciais são aquelas que, faltando apenas uma, a coisa deixa de ser o que é. Constituem elas a essência do todo. Assim a animalidade e a racionalidade são partes essenciais do homem, pois faltando uma ou outra, o homem deixa de ser tal. A parte integrante, ao inverso, não constitui a essência do todo, e a ausência de uma não implica a perda da especificidade, como a falta de um braço não leva ao desaparecimento do homem. Estas partes integrantes são chamadas de homogêneas ou heterogêneas. As homogêneas são entre si semelhantes especificamente, e até acidentalmente, como as partes de um pedaço de ferro, enquanto ferro. São heterogêneas aquelas que diferem entre si accidentalmente, como o são as partes de um ser vivo.

Pergunta-se, na Cosmologia, e é um dos seus grandes problemas, qual o efeito formal da quantidade: é dar extensão entitativa à substância, ou dar extensão actual local ou não local, ou dar uma extensão aptitudinal, ou a exigência da extensão?

É mister, em primeiro lugar, saber o que se entende por efeito formal. É o que resulta da comunicação da forma com o seu sujeito. Assim o efeito formal da côr é o colorido, do calor o ser quente. Classifica-se, ainda, o efeito formal em primário e secundário. É primário o que não pode deixar de dar-se sem contradição, desde que a forma seja dada. Se se dá o calor, tem de se dar o quente; se há cogitação no intelecto, êste está em ato. Secundário é o que, exigida a forma, se faltar, não implica contradição.

(1) O existir ou o ser implicam o que existe ou é, simultânea ou sucessivamente, ou ambos, já que a disjunção é perfeita e a não aceitação seria a negação do sujeito, pois se não é nem simultânea, nem sucessivamente, nem ambos, não é, nem existe.

Mário Ferreira dos Santos, Erros na Filosofia da Natureza, Coleção Uma Nova Consciência, Editora Matese, São Paulo, 1967, p.36-39

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

COM DESCARTES O ESPÍRITO INCOMENSURÁVEL FOI AFASTADO EM FAVOR DO "CORPO" QUE PENSA


Descartes, em suas Meditações Metafísicas, quando se lança em sua hipótese de ceticismo radical quanto à realidade e objetividade do mundo afirma que sentiu como se “tivesse caído em águas muito profundas” uma vez que pressupunha que "que todas as coisas que vejo são falsas”, mas, socorre-se de sua própria existência corporal e sensória para afirmar que é desnecessária a existência de "Deus, ou alguma outra potência" para a produção do próprio pensamento, uma vez que o próprio sujeito é capaz de produzi-los por si mesmo, e, assim, o ceticismo radical é afastado pela constatação: "Eu então, pelo menos, não sou algo? [...] Sou de tal forma dependente do corpo e dos sentidos que não posso existir sem eles? [...] então não me persuadi de que eu não existia? Decerto não, eu existia sem dúvida” (p. 42), e prossegue em sua autoafirmação existencial: “Não há dúvida, então, de que eu sou” [...] “Eu sou, eu existo, é necessariamente verdadeiro todas as vezes que a pronuncio ou que a concebo em meu espírito” (p. 42-3).

Vale ressaltar que Descartes ao questionar o que é o homem foge das sutilezas sensoriais e espirituais, pois permanece cético quanto à realidade percebida pelos sentidos, e, por considerar enganosa tal realidade que se revela complexa, prossegue seus argumentos com fundamento no reducionismo simplificador da realidade, mediante a adoção dos dados matematizáveis, e desenvolve o conceito de corpo com base no critério de estrita mensuração espacial, uma vez que compreende corpo como "tudo o que pode ser delimitado por alguma figura” (p. 45), e assim, o corpo possui os seguinte atributos:

- Ocupa um lugar;
- Preenche um espaço;
- Exclui outros corpos;
- É objeto dos sentidos;
- É móvel por força exterior.

Todavia, o corpo não possui em si a potência de mover-se, de sentir e de pensar, e por isso Descartes afirma que “espantava-me por ver que semelhantes faculdades se encontravam em certos corpos” (p. 45), pelo que define as seguintes distinções entre os atributos da alma e do corpo:

- Alimentar-se e locomover-se (corpo);
- Sentir (corpo);
- Pensar (alma).

Por um momento podemos considerar que a perspectiva cartesiana está nos remetendo para a vida da alma, que por sua vez imprime a consciência no corpo, todavia, tal perspectiva não existe para Descartes, pois, por mais que o mesmo afirme que a alma humana nada mais é que "uma coisa que pensa, ou seja, um espírito, um entendimento ou uma razão” (p. 46), o caráter espiritual se desfaz quando o raciocínio de Cartesius define que a alma e seu processo de pensamento é derivado da imaginação, estritamente oriunda de impressões sensoriais corporais, uma vez que “imaginar não é outra coisa senão contemplar a figura ou a imagem de uma coisa corporal” (p. 47), neste sentido, a própria vida do pensamento, que por sua vez constitui a vida da alma, é uma derivação de percepções sensoriais empíricas derivadas da contemplação da figura ou imagens corporais, de corpos extensos, de "res extensa".

Com Descartes o espírito foi afastado em favor do "corpo", ou melhor dizendo, o espírito, a alma e o pensamento foram considerados como meras imanências corporais, tais flatulências do pensamento desenvolveram-se a tal ponto que hoje somos ensinados sobre a "morte de Deus" e a dialética do espírito da história como corpo social em desenvolvimento, ou da matéria corporal mesmo, como se fossem verdades do pensamento, quando na verdade são meros peidos verborrágicos de corpos perdidos no ceticismo sofístico de nossos tempos reducionistas.

Referência:

DESCARTES, René. Meditações metafísicas. 2. ed. Introdução e notas Homero Santiago. Tradução Maria Ermantina Galvão. Tradução dos textos introdutórios Homero Santiago. São Paulo: Martins Fontes, 2005

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

ALGUMAS PALAVRAS SOBRE A IDEOLOGIA DO LIBERALISMO

O Jardim das Delícias, de Bosch

A visão da vítima da alienação ideológica continua percebendo a realidade, só que essa percepção fica distorcida com base em preconceitos e idealizações, assim sendo, um socialista acreditará que tudo é criado com base na economia, o libertário defenderá a vontade e o desejo sem limites, o reacionário defenderá um passado anacrônico e já morto e enterrado, e até um suposto "isentão" demonstrará um ceticismo invencível, para justificar sua neutralidade. Por mais que tudo ao redor indique outros caminhos e outras possibilidades de ação, mesmo assim, os alienados ideológicos permanecem presos aos seus padrões fixos de pensamento, uma vez que a ideologia funciona como um depósito de fé e de dogmas, são alienados aqueles que perderam a imaginação alimentada pelo real, e com isso a liberdade de ação, pois substituíram a realidade concreta por meras idéias abstratas, arbitrárias ou parciais, que julgam ser sistemas explicativos sobre toda a realidade, são incapazes de considerar o imponderável e o mistério que habitam entre nós.

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O problema do liberalismo, quando encarado como uma ideologia, está na visão parcial que adota um cunho materialista, hedonista e imediatista, na qual o orgulho individual é elevado ao patamar da divindade, a terminologia assume um caráter místico que em termos econômicos se manifesta com expressões como a "mão invisível", que é tal qual a "coisa em si" kantiana, ambos são meros torneios de linguagem que escamoteiam o medo visceral de tudo aquilo de transcende ao vocabulário padrão do grupo, é sem tirar nem por o mesmo fenômeno que ocorre nos demais coletivos ideológicos

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Não existe mundo dos negócios sem aquela confiança mútua fundada em valores éticos tradicionais como a honestidade, afinal a mentira é um pecado

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O Mercantilismo e demais formas de intervenção do Estado na economia são dignidades atribuíveis à Idade Moderna

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A Idade Média Católica Apostólica Romana criou todo o Direito Comercial e todo o Sistema Financeiro atuais, e nem precisaram ser libertários

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"Liberdade", "Estado" e "indivíduo" são meras ferramentas conceituais, cujas existências são coetâneas e fazem parte de uma unidade que chamamos de realidade, portanto, não podem ser tratadas como melhores ou piores que as pessoas que as operam

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É possível afirmar-se que cada pessoa ao possuir uma alma imortal está submetida somente à Divina Providência, e qualquer tentativa de controlar o destino sagrado de cada alma é uma violação da liberdade do próprio Ser, cujos caminhos são potencialmente infinitos, como infinitas são suas criações, por mais que hajam condicionantes transcendentais (sociais, físicas e biológicas) que limitam a existência de cada pessoa, eventualmente, tais limitações podem ser superadas por meio da inteligência que herdamos de nossa paternidade divinal e transcendente.

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O liberalismo não é moral no sentido cristão, pois se prende ao conceito de felicidade, cuja manifestação material é o prazer, é mais uma escola epicurista

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Liberalismo é somente uma das vertentes secundárias da filosofia moderna de corte cético e materialista originada em Cartesius

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O liberal ao defender a pura e simples soberania do indivíduo acaba por fomentar a possibilidade da defesa socialista da soberania totalitária do super-individuo denominado Estado, uma vez que a liberdade de agir de ambos não encontra limites que os transcendem

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Liberalismo é a ideologia de subverteu a palavra "liberdade" da mesma forma que o socialismo destruiu a palavra "justiça"

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O liberalismo quando adotado na forma de ideologia implica na relativização dos valores, não sou contra a liberdade econômica, mas tal liberdade não necessita de uma ideologia para existir

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Se Cristo fosse liberal Ele não açoitaria os cambistas do Templo

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O problema não é a defesa da liberdade, o problema é a proposição do bruto materialismo como se fosse o fundamento da liberdade

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Liberalismo é a religião do materialismo com apelos ao humanismo

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Liberal sonha em se libertar de limites morais tradicionais, pois julga ser infinitamente livre

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O socialismo é a fase superior do liberalismo, são etapas do materialismo cético nominalista moderno

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O comércio floresceu durante séculos com base em valores tradicionais católicos, a letra de câmbio, a contabilidade de partida dobrada, etc, tudo foi criado antes dessa lenga lenga ideológica e libertina

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O liberalismo econômico necessita de uma rigorosa ética religiosa para ser eficaz

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O socialista é o liberal mais egoísta, pois pretende o monopólio estatal da liberdade

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Liberalismo é bom nos olhos dos outros, liberal quer é ser poderoso com discurso humanitário

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Quem idealiza uma liberdade absoluta no fundo cobiça o poder absoluto

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Liberdade é a forma com a qual uma pessoa exercita o próprio poder

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O poder de agir sem determinados impedimentos, o poder de impor e/ou satisfazer suas vontades e desejos, em suma, liberdade é o exercício de um determinado poder

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Idéias de qualquer natureza são rastreáveis até Aristóteles, Platão, Sócrates, Homero, etc, o problema é quando o ideário passa a ser tratado como algo sagrado e autônomo, daí que não me importo nem um pouco com qualquer "ismo" quando se trata de filosofia, não há problema nenhum em reconhecer verdades, pois elas são objetivas e absolutas, o problema é se apegar a este ou àquele determinado pensamento de forma partidária, e, por falar em Aristóteles, ele defendeu uma ética fundada na razão e na virtude que muito mais se ajusta ao sacrifício do próprio ego exigido no cristianismo que ao bobo egoísmo do individualismo contratualista que faz emergir o estatismo mais feroz

Werner Nabiça Coêlho

sábado, 28 de outubro de 2017

O LIBERAL É UM RADICAL REVOLUCIONÁRIO EM SUAS ORIGENS!

Cabeça mumificada de Jeremias Bentham


O liberalismo é essencialmente uma ideologia revolucionária [01], que se propõe impor um projeto que desconsidera o legado da experiência passada, é uma das formas de aplicar a teoria de que o ser humano é uma folha em branco, que pode ser reescrita livremente.

Em relação ao liberalismo americano pode-se constatar que se trata de uma versão de pensamento ideológico com um forte viés esquerdista e politicamente correto quando aplicado aos valores sociais, muito embora pregue a liberdade econômica em sua forma de teoria libertária, é somente mais um tipo de movimento defensor do ceticismo materialista nominalista perseguidor do cristianismo.

O liberal é o pai natural e necessário do socialista.

Em certa medida a idéia de liberdade é um fruto derivado de um estado de espírito que se mede pela ambição que a pessoa tem por autonomia perante alguma autoridade, somos livres para nos submetermos ou para nos rebelarmos perante esta ou aquela pessoa, mas no fim somos limitados em algum nível de poder, principalmente, pelo poder da morte

Conservar as verdades descobertas e consagradas pelos milênios da experiência humana, isso é conservadorismo, liberalismo é o exato oposto de tal conduta.

Filosoficamente o liberalismo foi o primeiro discurso radical revolucionário que perdurou até meados do século XIX como a ponta de lança ideológica das revoluções, o socialismo /comunismo tirou o cetro dos liberais políticos /morais. Mas liberalismo sempre esteve associado a pautas relativizantes e mesmo anticlericais.

A questão da origem histórica do liberalismo está em sua luta contra a monarquia absolutista e os privilégios da nobreza, ocorre que os ingleses conseguiram estabelecer uma monarquia constitucional com princípios liberais após cortar uma cabeça real em 1689, cem anos depois os franceses foram até as últimas consequências do liberalismo iluminista e deram o pontapé inicial para nossa era de revoluções ideológicas.

A proposta liberal é uma tentativa de criar princípios sobre todos os aspectos da humanidade em bases exclusivamente racionais e materialistas, com especial foco na busca pelo prazer [02] na medida em que isto seria o símbolo da felicidade humana.

O nó górdio do liberalismo é o conceito de liberdade, considerado como a liberdade de satisfazer os próprios desejos [03], que em essência só pode existir como conceito relacional de caráter ético e carregado de valores subjetivos [04], só se é livre em relação a um outro ser, seja físico ou metafísico, daí a bagunça que é criada entre a ideologia da liberdade e a percepção de que há necessidades que a restringem constantemente, seja a lei, seja o Estado, seja Deus, ou mesmo a morte.

De minha parte creio que a única liberdade autêntica é a do espírito, quanto ao resto somos condicionados de tantas formas que a margem de liberdade é quase infinitesimal.

Todo aquele que luta para preservar a verdade inerente à realidade do bem, que perpassa as instituições humanas que refletem as verdades eternas que alimentam as virtudes familiares, viris e feminis, definitivamente, deverá ser cauteloso ao entrar em contato com a ideologia hedonista que se propõe a liberdade absoluta que desemboca nas profundezas tenebrosas do darwinismo [05] ou do marxismo [06].

NOTAS

01 - "Bentham e sua escola derivaram sua filosofia, em todos os seus traços principais, de Locke, Hartley e Helvécio; sua importância não é tanto filosófica como política, como chefes do radicalismo britânico e como homens que, sem intenção de o fazer, prepararam o caminho para as doutrinas socialistas" (Bertrand Russel, in História da Filosofia Ocidental, 3º Tomo, Companhia Editora Nacional, 1957, p. 339)

02 - "James Mill, como Bentham, considerava o prazer o único bem e a dor o único mal." (Bertrand Russel, in História da Filosofia Ocidental, 3º Tomo, Companhia Editora Nacional, 1957, p. 343)

03 - "Há uma lacuna evidente no sistema de Bentham. Se cada homem procurar sempre seu próprio prazer, de que modo podemos estar seguros de que o legislador tenha sempre em vista o prazer da humanidade em geral?" (Bertrand Russel, in História da Filosofia Ocidental, 3º Tomo, Companhia Editora Nacional, 1957, p. 344)

04 - "John Stuart Mill, em seu Utilitarismo, apresenta um argumento tão sofístico que é difícil de se compreender como é que pôde tê-lo julgado válido. Diz êle: o prazer é a única coisa que se deseja; por conseguinte, o prazer é a única coisa desejável. Argumenta que as únicas coisas visíveis são as coisas vistas, as únicas audíveis, as ouvidas, e que, de modo idêntico, as únicas coisas desejáveis sãos as desejadas. Não percebe que uma coisa é "visível" se puder ser vista, mas "desejável" se deve ser desejada. Assim, "desejável" é uma palavra que pressupõe uma teoria ética; não podemos inferir o que é desejável pelo que é desejado." (Bertrand Russel, in História da Filosofia Ocidental, 3º Tomo, Companhia Editora Nacional, 1957, p. 343)

05 - "Os radicais filosóficos [liberais] constituíram uma escola de transição. Seu sistema deu origem a outros dois, mais importantes que êle: o darwinismo e o socialismo. O darwinismo foi uma aplicação, a tôda a vida animal e vegetal, da teoria da população de Malthus, que era parte integral da política e da economia dos benthamistas - uma livre concorrência global, em que a vitória recaia sôbre os animais que mais se pareciam com os capitalistas bem sucedidos. O próprio Darwin foi influenciado por Malthus, e sentia simpatia, em geral pelos radicais filosóficos" (Bertrand Russel, in História da Filosofia Ocidental, 3º Tomo, Companhia Editora Nacional, 1957, p. 347)

06 - "O socialismo, pelo contrário, começou no apogeu do benthamismo, e como consequência direta da economia ortodoxa. Ricardo, que estava intimamente associado a Bentham, Malthus e James Mill, ensinava que o valor da troca de um produto é devido inteiramente ao trabalho despendido em realizá-lo. Publicou sua teoria em 1817, sendo que oito anos mais tarde, Thomas Hodgskin, ex-oficial naval, publicou sua primeira réplica socialista, O Trabalho Defendido Contra as Pretensões do Capital. Argumentava que se, como Ricardo ensinava, todo valor é conferido pelo trabalho, então tôda a recompensa deve ser para o trabalho; a parte obtida então pelo proprietário rural e pelo capitalista tinha de ser mera extorsão. Entrementes, Robert Owen, depois de muita experiência prática como fabricante, convencera-se da verdade da doutrina que logo passou a ser chamada de socialismo. (O primeiro emprêgo da palavra "socialista" teve lugar em 1827, quando é aplicada aos adeptos de Owen). As máquinas, disse êle, estão substituindo o trabalho, o laissez-faire não dera às classes trabalhadoras meios adequados para combater o poder das máquinas. O método por êle proposto para combater o mal é a forma mais antiga de socialismo moderno." (Bertrand Russel, in História da Filosofia Ocidental, 3º Tomo, Companhia Editora Nacional, 1957, p. 347-8)

Werner Nabiça Coêlho