Em um arroubo retórico, para fundar seu idealismo mental, Descartes afirma que
existem certas coisas que serão certas “esteja eu acordado ou dormindo” (p.
35).
Para confirmar sua hipótese propõe que sejam consideradas verdadeiras somente “coisas muito simples e muito
gerais”, pois conterão “algo de certo e indubitável”, enquanto que coisas
compostas “são mui duvidosas e incertas” (p. 35).
E assim nasce a
Ciência Moderna, com o “desejo de encontrar alguma coisa constante e segura nas
ciências” (p. 37), mas com um medo terrível de lidar com coisas mais complexas
que uma equação matemática.
Daí seguiu-se bifurcação entre ciências naturais (leia-se: matematizáveis) e
as humanidades, divisão que tentamos sanar até hoje!
(DESCARTES, René.
Meditações metafísicas. 2. ed.
Introdução e notas Homero Santiago. Tradução Maria Ermantina Galvão. Tradução
dos textos introdutórios Homero Santiago. São Paulo: Martins Fontes, 2005)
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