domingo, 23 de outubro de 2016

PETER KREEFT ENSINOU: BUSCAR SENTIDO NO SOFRIMENTO.



Este livro é para todos aqueles que já choraram por algum motivo e se questionam sobre várias coisas. Isso inclui todos os que já nasceram. Pois estas são as duas maiores atividades humanas. São elas que nos distinguem dos animais, dos computadores e dos anjos.

Será que os animais choram? Não sei. Talvez não. Talvez todas as lágrimas dos animais sejam apenas "lágrimas de crocodilo". Mas mesmo que chorem, eles não se questionam sobre nada. Não há nenhum animal filósofo, e o questionamento é a origem de toda filosofia, de acordo com os três grandes filósofos, Sócrates, Platão e Aristóteles. Quando os animais sofrem, eles simplesmente sofrem. Eles poderiam cantar uma canção assim: "Que importa querer saber? O importante é viver e morrer?".

Nenhum computador, ou outra forma de inteligência artificial, chora ou se questiona. Os computadores não choram porque não sentem dor; não têm sentimentos, físicos ou espirituais. E os computadores não raciocinam, nem fazem perguntas. Eles só fazem o que você os programa para fazer. Não se questionam a respeito dos programas que carregam, a menos que você os programe para fazer isso, mas ainda assim eles vão acabar não questionando esse último programa. Nós também fomos programados pela nossa hereditariedade e ambiente, mas estamos sempre questionando a nossa programação. Duvidamos. A dúvida é excelente. Só acredita quem duvida, da mesma forma que só tem esperança aquele que se desespera, e só ama quem sabe odiar.

Não há nenhum anjo, espírito, deus ou deusa que sofra ou questione, chore ou duvide. Os espíritos puros não possuem fibras nervosas por todo o seu corpo, e a mente pura nunca cantou um verso como "Devaneio enquanto caminho sob o céu". Os animais sabem muito pouco para poder fazer perguntas; os deuses, por sua vez, sabem demais.

Apenas nós, os humanos, choramos e questionamos. Este livro questiona por que choramos - e por que sofremos.

KREEFT, Peter. Buscar sentido no sofrimento. Tradução de Alexandre Patriarca. São Paulo: Edições Loyola, 1995, p. 26-7.

Nenhum comentário:

Postar um comentário