[…] o homem que compra carne é
irmão do açougueiro. O problema era melindroso, mas não moral...
como o homem que é favorável à pena de morte mas que pessoalmente
é “bom” demais para preparar o nó da corda ou brandir o
machado. Como a pessoa que encara a guerra como inevitável, ou mesmo
em certas circunstâncias como moral, mas evita o serviço militar
por não gostar de matar.
Emocionalmente infantis,
eticamente retardados – a mão esquerda tem
de saber o que a direita faz e o coração é responsável por ambas.
[…] (p. 66)
[…]
Comecei a sentir vagamente que o sigilo é a pedra de toque de toda
tirania. Não a força, mas o sigilo... censura. Quando qualquer
governo, ou qualquer igreja, toma para si a função de dizer a seus
subordinados que “isto você não ler, isto não deve ser visto,
isto você está proibido de saber”, o resultado final é a tirania
e a opressão, por mais sagrados que sejam os motivos. Pouquíssima
força é necessária para controlar um homem cuja mente já foi
vendada; contrariamente, força alguma pode controlar um homem livre,
um homem cuja mente é livre. Não, nem a tortura, nem o
esquartejamento, nem nada; não se pode dobrar um homem livre, o
máximo que se pode fazer é matá-lo. (p. 69)
HEINLEIN, Robert A. Revolta em
2100. tradução de Mávia Zettel. Livraria Francisco Alves Editora
S.A.: Rio de Janeiro, 1977.
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