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sábado, 12 de novembro de 2016

PETER KREEFT ENSINOU: A EXISTÊNCIA DO MAL REFUTA A TEORIA DA EVOLUÇÃO


...a mesma coisa que parece depor contra Deus

depõe também contra o ateísmo.

A própria existência do mal

prova a existência de Deus.


Eu explico como.

http://veja.abril.com.br/historia/israel/ciencia-teoria-big-bang.shtml

Se não houvesse um Deus,

um criador,

e nenhum ato de criação,

então nós e o nosso mundo

seríamos o que somos 

por simples e mera evolução.


http://mythologian.net/ouroboros-symbol-of-infinity/
E, se não houve nenhum ato de criação,

então o universo sempre existiu,

e não houve o ato inicial.

Mas se o universo tem se expandido 

por um tempo infinito

- e deve ter havido um  tempo infinito 

se não houve início,

um primeiro momento, 

um ato de criação -

então o universo 

já deveria ser perfeito a esta altura.


http://comarte.upf.br/?p=4208
Já houve tempo suficiente

para que a evolução fosse terminada.

Não deveria ter restado nenhum mal.


Gustave Doré, a Floresta dos Suicidas de Dante Alighieri, Inferno (Canto XIII).
De forma que a própria existência do mal,

da imperfeição e do sofrimento no universo

provam que os ateus estão errados 

em relação ao universo.

KREEFT, Peter. Buscar sentido no sofrimento. Tradução de Alexandre Patriarca. São Paulo: Edições Loyola, 1995, p. 40-1.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

PETER KREEFT ENSINOU: A UNIVERSALIDADE DO SOFRIMENTO

A universalidade do sofrimento, sua inutilidade, seu tédio, as mazelas da família e a solidão de não tê-la, o império do fingimento universal, melancolia, depressão, desespero, feiura e mediocridade, são elementos da banalidade do sofrer, mas, a partir deste momento, fique com Peter Kreeft:





Não é só o caso de o sofrimento não ser merecido; é que parece ser casual e inútil, sem nenhum motivo ou razão concreta; puro acaso, apenas espalhando o mal sem fim. Para todo aquele que se torna um herói e um santo por meio do sofrimento, há dez outros que parecem perder sua humanidade, tornar-se depressivos ou desesperados (p. 19-20)



E a universalidade do sofrimento – aí é que está a questão. Seu vizinho, seu melhor amigo, seu médico, seu mecânico, todos possuem mágoas profundas e abafadas das quais você nem chega a tomar conhecimento, da mesma forma que eles não conhecerão as suas. Todos, pelo mundo afora, estão sofrendo. E, se você não se apercebe disso, é porque ou é bastante ingênuo e acredita na aparência das pessoas, ou tem a pele tão resistente que não se magoa, nem sente a mágoa das outras pessoas em sua volta.



Não tenho a intenção de insultar ninguém; todos fingimos muito. Faz parte do nosso instinto animal tentar ocultar nossas feridas para que não nos façam sofrer mais. Da mesma forma que os animais cobrem suas feridas no corpo para se proteger, fazemos o mesmo com nossas feridas da alma. Estamos todos envolvidos em um grande fingimento universal.



Um aspecto dessa mágoa que todos carregamos é a família. Todos nascemos em uma família, e muitas pessoas depois se dedicam a construir novas famílias. A família é a primeira e mais íntima fonte de relacionamentos entre o eu e o outro. Mas essa fonte de nossos amores mais profundos é também fonte de nossas maiores mágoas. Se você faz parte de uma família, seja ela um lar destruído pelo divórcio, alcoolismo ou ressentimentos, seja ela unida, você sabe que aqueles mais próximos de você são os que mais o magoam, de forma deliberada ou não. E, se você não faz parte de uma família, você sabe como dói profundamente ser sozinho.



Olhe as pessoas nas ruas. Observe os seus rostos. Olhe mesmo. Especialmente na rua de uma grande cidade. Não há ali somente tráfego e confusão – isso nem é tão terrível; Jesus estava ocupado e correndo a maior parte do tempo também –, mas há sofrimento. Veja a linha dos rostos das pessoas, os músculos, a dureza, a tensão, sua maneira de olhar, o medo, a estupidez. “A grande massa dos homens leva a vida em calmo desespero”, escreveu Thoreau. (p. 20)



Fisicamente, as pessoas sofrem menos do que nunca em nosso século, especialmente nessa geração, graças em grande parte aos progressos da medicina. Existem anestésicos, uma das maiores invenções de todos os tempos. Já há cura para um número cada vez maior de doenças. A sociedade industrial oferece à maioria das pessoas uma vida confortável, uma vida que somente uns poucos ricos poderiam alcançar décadas atrás. Muitas pessoas chegam aos setenta ou oitenta anos de idade com menos de meia dúzia de ocasiões em que realmente tenham sentido uma dor, uma agonia insuportável. Há um século, seria sorte passar um único ano sem sentir uma dor que chamaríamos hoje em dia de alucinante. Imagine um mundo sem anestésicos. Pense bem. Quando foi a última vez que você sentiu a dor de uma espada cortando o seu braço? (p. 20-1)



E ainda assim as pessoas hoje se machucam bem mais psicológica e espiritualmente do que nunca. As taxas de suicídio explodem. A depressão aumenta. A violência desenfreada é moda. O tédio se espalha. (Na verdade, a própria palavra tédio não existia em nenhuma das línguas pré-modernas!) A solidão é crescente. E a procura da fuga por meio das drogas é cada vez maior.



[…]



Estamos fugindo de nós mesmos (ou tentando fugir, já que a única coisa da qual não conseguimos escapar, além do próprio Deus, é de nós mesmos) porque estamos todos magoados, bem no fundo dos nossos corações. Geralmente esse não é o tipo de sofrimento trágico, incomum, espetacular, mas um enorme manto escuro que se abate sobre nossas vidas como fuligem, cobrindo tudo de tédio, enfado, melancolia, feiura e mediocridade. Vivemos como robôs, obedientes à programação social que recebemos, sem nunca levantar as perguntas fundamentais de nossa existência. Nossas próprias paixões estão adormecidas. Vamos para a cama em obediência à publicidade carregada de sexo, e pulamos da cama em obediência aos alarmes dos relógios. Não temos quase nenhum motivo para sair da cama e quase todos os motivos para deitar nela. (p. 21)

KREEFT, Peter. Buscar sentido no sofrimento. Tradução de Alexandre Patriarca. São Paulo: Edições Loyola, 1995.

PETER KREEFT ENSINOU: A DISTINÇÃO ENTRE O NIRVANA E O ÁGAPE





Peter Kreeft na obra Buscar sentido no sofrimento distingue o Nirvana de Buda do Ágape de Cristo, este como exercício espiritual de amar o "eu" mediante o amor fraternal que me conecta ao meu próximo, enquanto que as Quatro Verdades Nobres regem um método com a finalidade de extinguir o sofrimento humano mediante a "eutanásia espiritual" do próprio "eu" pessoal, com a "redução do desejo a zero".


Afinal! O sofrimento é algo que devemos extinguir ou algo com a qual devemos conviver... troque a palavra "sofrimento" pelo pronome "eu" e faça seu próprio julgamento. 

Segue a citação, que relata quando Buda decidiu investigar o porquê do sofrimento a seu próprio modo, no que foi seguido pelos seus primeiros cinco discípulos, e: 
Peter Kreeft

“... se sentou sob uma árvore, a árvore sagrada de Bo, ou Árvore da Iluminação, na postura de lótus, determinado a não se levantar até ter encontrado a solução para o enigma. Quando finalmente se ergueu, proclamou: “Eu sou o Buda”; e anunciou suas Quatro Verdades Nobres.

Essas Verdades compõem os fundamentos do budismo. Quando um discípulo pediu a Buda respostas para outras questões importantes, ele o advertiu de que apenas as Quatro Verdades Nobres são necessárias. Elas são:

1. A vida é sofrimento (dukkha: termo que designa um osso ou eixo fora de encaixe, quebrado, afastado de si mesmo). Nascemos em sofrimento, vivemos em sofrimento, morremos em sofrimento. Ter o que não se quer ter, e não ter o que se quer ter, isso é sofrimento.

2. A causa do sofrimento (e aqui Buda finalmente decifra seu enigma) é o desejo (tanha: ambição, vontade, egoísmo). O desejo gera distância entre ser e satisfação; essa separação é sofrimento.

3. A maneira de acabar com o sofrimento é eliminar o desejo. Tal estado é o Nirvana (extinção). Remova a causa, e estará removendo o efeito. O mundo tenta acabar com a distância entre desejo e satisfação pr meio do aumento da satisfação, e nunca obtém sucesso. Buda toma o caminho oposto: reduzir o desejo a zero.

4. A maneira de eliminar o desejo é o Nobre Caminho Óctuplo da redução do ego. A vida é dividida em oito aspectos, e em cada um deles o discípulo experimenta uma libertação, simplificação e purificação graduais. É um caminho que dever durar toda a vida; tudo o mais é posto a serviço da redução do desejo para se alcançar o Nirvana, a eliminação do sofrimento.

Eu não sou budista. Não consigo evitar encarar o Nirvana como uma eutanásia espiritual, matando o paciente (o ego, eu eu, o si mesmo) para curar a doença (egoísmo, egotismo). O budismo elimina o “eu” que odeia e faz sofrer, sim; mas esse é também o “eu” que ama. A compaixão (karuna) é uma das maiores virtudes budistas, mas não o amor (agape). Buda parece simplesmente não ter consciência da possibilidade de existência do amor fraternal, do desejo fraternal, da paixão fraternal, do ego fraternal.

Apesar de tudo, não posso deixar de respeitar a paixão pessoal de Buda de decifrar seu enigma, e da mesma forma admirar seu método – que implica nada mais, nada menos que a transformação da natureza humana. Ninguém mais além do próprio Jesus propôs um método tão radical. E Jesus também encarou de frente o real problema do sofrimento e propôs uma solução radicalmente diferente.

KREEFT, Peter. Buscar sentido no sofrimento. Tradução de Alexandre Patriarca. São Paulo: Edições Loyola, 1995, p. 13-4.

domingo, 23 de outubro de 2016

PETER KREEFT ENSINOU: BUSCAR SENTIDO NO SOFRIMENTO.



Este livro é para todos aqueles que já choraram por algum motivo e se questionam sobre várias coisas. Isso inclui todos os que já nasceram. Pois estas são as duas maiores atividades humanas. São elas que nos distinguem dos animais, dos computadores e dos anjos.

Será que os animais choram? Não sei. Talvez não. Talvez todas as lágrimas dos animais sejam apenas "lágrimas de crocodilo". Mas mesmo que chorem, eles não se questionam sobre nada. Não há nenhum animal filósofo, e o questionamento é a origem de toda filosofia, de acordo com os três grandes filósofos, Sócrates, Platão e Aristóteles. Quando os animais sofrem, eles simplesmente sofrem. Eles poderiam cantar uma canção assim: "Que importa querer saber? O importante é viver e morrer?".

Nenhum computador, ou outra forma de inteligência artificial, chora ou se questiona. Os computadores não choram porque não sentem dor; não têm sentimentos, físicos ou espirituais. E os computadores não raciocinam, nem fazem perguntas. Eles só fazem o que você os programa para fazer. Não se questionam a respeito dos programas que carregam, a menos que você os programe para fazer isso, mas ainda assim eles vão acabar não questionando esse último programa. Nós também fomos programados pela nossa hereditariedade e ambiente, mas estamos sempre questionando a nossa programação. Duvidamos. A dúvida é excelente. Só acredita quem duvida, da mesma forma que só tem esperança aquele que se desespera, e só ama quem sabe odiar.

Não há nenhum anjo, espírito, deus ou deusa que sofra ou questione, chore ou duvide. Os espíritos puros não possuem fibras nervosas por todo o seu corpo, e a mente pura nunca cantou um verso como "Devaneio enquanto caminho sob o céu". Os animais sabem muito pouco para poder fazer perguntas; os deuses, por sua vez, sabem demais.

Apenas nós, os humanos, choramos e questionamos. Este livro questiona por que choramos - e por que sofremos.

KREEFT, Peter. Buscar sentido no sofrimento. Tradução de Alexandre Patriarca. São Paulo: Edições Loyola, 1995, p. 26-7.