Eugen Rosenstock-Huessy e René Girard são desbravadores da origem mimética da linguagem.
Eugen Rosenstock-Huessy deduz a origem ritual da própria linguagem, e René Girard descobre o fundamento antropológico do rito.
Eugen Rosenstock-Huessy descreve a necessidade de um tamanho poder do
rito, que este criou o tempo, a ordem, nomeou e vestiu de tradição o
homem, e René Girard revela que este poder é fonte de nosso desconforto
com a civilização, erigida sobre séculos e séculos de assassinatos
rituais, de crimes que permitiram que com o sacrifício de poucos muitos
prosperassem, o bode expiatório é o herói, o demônio e o deus da
religião arcaica, que foi criada pelo ritual primário dos
sacrificadores.
Eugen Rosenstock-Huessy percebe que linguagem e
religião são um e mesmo fenômeno, origem criadora do que conhecemos e do
que somos, René Girard descreve com a crise mimética, que esta origem
está no pecado original do assassinato fundador, e na maturidade de sua
obra revela que a verdade evangélica nos libertou da ilusão do poder da
morte.
A revelação cristã ao ensinar que a vítima do sacrifício
era a única inocente no drama do ritual, a religião antiga dos
sacrificadores perdeu assim sua beleza estética sagrada, na qual os
mitos e lendas sangrentas foram substituídos pela consciência da própria
violência, é o início da condição de possibilidade para o sujeito não
ser escravizado pelo mecanismo mimético e ser capaz de perdoar, ao custo
de sacrificar a própria hibris, pois revelou-se com Cristo uma hubris que nega a solução sacrificadora.
Eugen
Rosenstock-Huessy refere que a linguagem foi criada pela repetição de
gritos, grunhidos, urros e choros, e René Girard descreve o processo
genético desta transformação, com o modelo da Teoria Mimética, na qual a
violência expulsa a violência, uma sagrada outra profana, mecanismo que
se consolida por infinitas repetições rituais, que possibilitam a paz
necessária para uma comunidade estabelecer um padrão de linguagem
verbal, que supere as limitações da linguagem animal.
A origem da
linguagem estudada por Eugen Rosenstock-Huessy se encontra com o
mimetismo comunicacional, que cria e doma a violência, e nesse processo,
a linguagem é criada pelo rito, que cria a religião, que com Cristo
recria a linguagem mimética, cuja origem profana e violenta torna-se
sagrada e poética não mais com a celebração da morte, mas com a
afirmação da vida e da inocência do cordeiro sacrificado.
Werner Nabiça Coêlho - 02/09/2016
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