domingo, 4 de março de 2018

DEMOCRACIA E CRISTIANISMO



A democracia, que defino como forma de governo com ampla participação da população mediante processos eleitorais periódicos, desenvolveu-se em Atenas, e, justamente esta democracia ateniense foi imperialista, tirânica e genocida ao ponto que desencadeou a Guerra do Peloponeso, na qual Esparta assumiu o papel de libertador das cidades gregas, e, por fim, o povo ateniense foi derrotado por causa do próprio orgulho oriundo do exercício do poder sem limites éticos universais.



A Cidade Eterna, durante seu interregno republicano, possuía cargos eletivos escolhidos pelo sufrágio da plebe, e este mesmo colégio eleitoral votava diretamente as leis, os políticos eleitos para cargos executivos, como no caso dos dois cônsules com mandato anual, habilitavam-se para cadeiras no Senado, tal arranjo, que foi fruto de árduas lutas sociais após o fim da monarquia, acabou degenerando em guerras civis e ditaduras, e, por fim, ensejou a criação do Império, um excelente exemplo histórico de que formas de governo democráticos originam tiranias, uma vez que a disputa pelo Poder seja orientada somente por princípios políticos.

O Ocidente, após o advento de Cristo, desenvolveu um novo conceito de democracia: o evangelho de que somos todos iguais na condição de filhos de Deus.

O cristianismo é portador do valor ético e sagrado fundamental de que todos somos portadores da filiação divina e da irmandade com o Logos que se fez carne, em suma, somos filhos queridos e iguais perante Deus por toda a eternidade, mas somos responsáveis por nossas escolhas, não só perante o mundo, mas perante os Céus.

O cristão é o cidadão deste mundo, mas também é um habitante da eternidade, um democrata no mundo criado pelo cristianismo possui uma ética que o responsabiliza não só no nível político, mas também possui consequências de caráter sobrenatural, pois responde não só por sua consciência, suas escolhas são o Céu ou o Inferno, com a possibilidade do purgatório.

Neste mundo que está deixando de ser cristão, assistimos à democracia reinventar seus vícios de origem greco-romana, o que nos encaminhará para o reino em que sacrifícios humanos, e a mais abjeta escravidão, retornarão com nomes convenientes para iludir os tolos.

9 comentários:

  1. Sim, verdade. Já estamos a presenciar o ataque metódico a tudo que é Cristão. Fala-se em neo-paganismo. A religião civilizada, o Cristianismo, tem muitos inimigos, de modo que fica muito difícil apontar objetivamente o bárbaro mais feroz que lhe fere mais profundamente. A ética civil, os "ismos" que prometem um paraíso na terra, outras religiões, o ceticismo, o mercado publicitário. Contudo, o Cristianismo nunca prometeu um paraíso na terra, sabemos. Toda a riqueza material, científica e liberdade civis geradas em períodos de supremacia da cultura católica, para seu fim primeiro e último, não interferem decisiva ou inelutavelmente. A missão da Igreja Universal é outra.

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  2. Sim, verdade. Já estamos a presenciar o ataque metódico a tudo que é Cristão. Fala-se em neo-paganismo. A religião civilizada, o Cristianismo, tem muitos inimigos, de modo que fica muito difícil apontar objetivamente o bárbaro mais feroz que lhe fere mais profundamente. A ética civil, os "ismos" que prometem um paraíso na terra, outras religiões, o ceticismo, o mercado publicitário. Contudo, o Cristianismo nunca prometeu um paraíso na terra, sabemos. Toda a riqueza material, científica e liberdade civis geradas em períodos de supremacia da cultura católica, para seu fim primeiro e último, não interferem decisiva ou inelutavelmente. A missão da Igreja Universal é outra.

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    1. Concordo, inclusive com a última parte sobre a missão da Igreja, todavia, por mais que o reino da política não seja o objetivo superior, ele não deixa de ser um reino que se submete àquilo que lhe é superior, a separação não entre setores horizontalmente equivalente (Religião e Política), mas entre níveis hierarquicamente verticais, pois prevalece a verdade que não existe moral sem Deus.

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  3. Leitura interessante...
    Me fez pensar num paradigma muito apontado: o de que o poder corrompe.
    Não sei quem expressou a frase pela primeira vez, mas aplicando ao contexto aqui exposto, relembra que a instituição igreja, em nome de Deus e do cristianismo, já desrespeitou culturas, assassinou milhares, acumulou poder político e riquezas, limitou a liberdade, entre outros absurdos.
    É fácil identificar que munidos da "democracia divina", agiram como os greco-romanos, obviamente desvirtuando os princípios cristãos.
    Neste mundo que está deixando de ser cristão, pergunto-me se uma retomada do cristianismo levaria a uma nova cruzada. Conseguiríamos nós, cristãos, agirmos melhor que os não-cristãos?

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    1. Caro Alex, percebo muitos dos lugares comuns no que diz respeito à opinião acadêmica sobre o papel negativo da Igreja, na perspectiva de uma instituição social, na história, por outro lado, foi a verdade evangélica que criou os princípios que hoje designamos como direito humanos, e foi a Igreja em sua vida institucional que criou as universidades, os hospitais, os asilos, o direito processual no sentido de direitos e garantias individuais, e um sem número de coisas, agora é evidente que não podes esquecer que o mal que foi feito pela Igreja nem chega perto daquilo que somente no século XX os estados comunistas e fascistas aprontaram, enquanto que as democracias que lutaram contra estes novos impérios foram basicamente nações que cultivaram os princípios cristãos em suas políticas

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  4. Democracia, governo do povo, não muda nem de grafia, quando passa a ser governo do demo, democracia. É só esquecer de Quem manda.

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  5. O natural sem um direcionamento sobrenatural induz o povo a escolher Barrabás

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