domingo, 18 de dezembro de 2016

MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS: O CONCEITO DE COSMOLOGIA (cap. 01)


Observações preliminares.
 
O Filósofo Mário Ferreira dos Santos sempre advertia no início de suas obras a respeito da importância do vocabulário, e, principalmente, de seu elemento etimológico, e, já nos idos dos anos 1960 ele alertava que utilizaria certas consoantes mudas, já em desuso, mas muito importantes para "apontar  étimos que facilitem a melhor compreensão da formação histórica do têrmo empregado", e, em razão desta técnica de exposição, escolhi realizar as transcrições do texto em seu formato gramatical original (com exceção das tremas).







"O CONCEITO DE COSMOLOGIA



Um dos campos do saber onde maior número de erros filosóficos tem surgido é, sem dúvida, o cosmológico.

Inúmeros cientistas, que fazem Filosofia, e filósofos que fazem Ciência, invadem um território para o qual nem sempre se acham devidamente equipados.

Os mais elementares erros de lógica são praticados aí, as confusões mais evitáveis foram perpetradas, e a proposição de sentenças, sem o devido fundamento lógico, dialéctico e ontológico, são constantes, permitindo que, no campo científico, se registrassem maior número de erros filosóficos que em qualquer outro sector.

Se volvermos os olhos para o panorama científico de nossos dias, ver-se-á com que temeridade inúmeras hipóteses foram propostas e tantas teorias foram esboçadas, que viveram um curto espaço de tempo, afagadas com entusiasmo, e esquecidas depois, irremediavelmente.

A observação cuidadosa das diversas doutrinas expostas, facilmente nos mostra quanto de improvisação precipitada houve no campo da formulação de hipóteses.

Tais erros poderiam ser evitados, se um melhor cuidado no emprego lógico e dialéctico fosse aplicado a tais estudos, como veremos.
O termo cosmos, do grego khosmos, dá-se como aplicado à Filosofia por Pitágoras para indicar a ordem, que se opõe ao khaos,

referindo-se, portanto, ao conjunto das coisas existentes na natureza no mundo, termo que lhe corresponde), daí Cosmologia, para os antigos, significar uma parte da Filosofia Natural ou Física, como a chamavam.

A Filosofia Natural dedicava-se ao estudo dos corpos, dividindo-se o campo de suas atividade em dois:

o campo dos corpos inorgânicos e do mundo orgânico,

dedicando-se o primeiro estudo dos caracteres comuns nos sêres inorgânicos,

e a segunda, dedicando-se ao estudo dos corpos vivos.

À primeira chamou-se Cosmologia (Filosofia do Cosmos)

e à segunda, Psicologia.

Dêste modo,

a Cosmologia é a ciência do mundo corpóreo,

é a ciência filosófica do mundo inorgânico,

e dedica-se ao estudo do que pertence a tal mundo.

Nos três graus da abstração, como os estabelecem os filósofos positivos e concretos,

o primeiro prescinde da singularidade

e esquematiza os aspectos sensíveis, as propriedades sensíveis.

É esta abstração que corresponde à Filosofia Natural e, portanto, 

à Cosmologia.

O segundo grau prescinde da singularidade e das propriedades sensíveis,

e o resultado é o objeto da Matemática;

o terceiro grau prescinde de tudo quanto os dois primeiros prescindiram, e ainda de toda materialidade,

para considerar apenas os esquemas dos esquemas, e 

é o objeto da Metafísica.

Consideram os medievalistas a Cosmologia como a ciência filosófica dos entes móveis.

Não confundiam móvel como mutável, porque o primeiro refere-se à mutação física e corpórea.

Os modernos, e entre eles os positivistas e os seguidores de Kant, consideram-na como a sistematização das ciências, tratadas sinteticamente.

A Cosmologia pode e deve ser tratada filosoficamente e dentro do âmbito da Filosofia Especulativa, como o mostramos em nosso “Origem dos Grandes Erros Filosóficos”, pois deve prescindir de todos axioantropológico e, por outro lado, se fôr entendido como deve ser,  

é ela subordinada à Ontologia, porque as leis ontológicas presidem também as leis cosmológicas

como se verá mais adiante, e às leis matéticas, como provamos em nossos livros de Matese.

Grande número de cientistas julgam haver completa incompatibilidade entre a Ciência Natural, 

em sua parte cosmológica, 

com a Metafísica. 

Sofrendo dos preconceitos comuns contra a Metafísica racionalista e a idealista, 

e por ignorância, 

julgando que Metafísica é apenas aquelas, 

opõe-se tenazmente à introdução dos métodos especulativos nesse sector,

preferindo apenas a descrever e medir os fenômenos e estabelecer algumas leis dos factos, fundadas em teorias e hipóteses explicativas.

Contudo, ao penetrar neste sector,  

inevitavelmente, beiram o campo metafísico

e não podem evitar o cometimento de erros graves, que seriam perfeitamente evitáveis.

Passemos, pois, a estudar os principais erros que  neste sector foram perpetrados, e a apontar a sua origem lógico-dialética. (Negritos nossos)

Mário Ferreira dos Santos, Erros na Filosofia da Natureza, Coleção Uma Nova Consciência, Editora Matese, São Paulo, 1967, 11-13.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

PETER KREEFT ENSINOU: A ESSÊNCIA DO INFERNO É A VAIDADE


A essência do Inferno não é o sofrimento, 

mas a vaidade; 

não a dor, 

mas a falta de propósito; 

não o sofrimento físico, 

mas o espiritual. 

Dante estava certo ao colocar estes dizeres sobre os portões do Inferno: 

"Abandonai toda a esperança, ó vós que entrais".

 



O sofrimento não é a essência do Inferno porque é possível sofrer com esperança. 

Foi assim para Jo. 

Ele nunca perdeu a fé nem a esperança 

(que é a fé direcionada para o futuro), 

e seu sofrimento mostrou-se purificador, 

purgativo, 

educativo: 

deu-lhe olhos para ver a Deus. 

Esse é o porquê de estarmos na terra.

Finalmente, 

o Céu é o amor, 

porque o Céu é essencialmente a presença de Deus, 

e Deus é essencialmente amor (cf. Jo 4,8).


Peter Kreeft, Três filosofias de vida. Tradução de Magno Mesquita. Editora Quadrante. São Paulo, 2015, p. 10.

sábado, 12 de novembro de 2016

PETER KREEFT ENSINOU: A EXISTÊNCIA DO MAL REFUTA A TEORIA DA EVOLUÇÃO


...a mesma coisa que parece depor contra Deus

depõe também contra o ateísmo.

A própria existência do mal

prova a existência de Deus.


Eu explico como.

http://veja.abril.com.br/historia/israel/ciencia-teoria-big-bang.shtml

Se não houvesse um Deus,

um criador,

e nenhum ato de criação,

então nós e o nosso mundo

seríamos o que somos 

por simples e mera evolução.


http://mythologian.net/ouroboros-symbol-of-infinity/
E, se não houve nenhum ato de criação,

então o universo sempre existiu,

e não houve o ato inicial.

Mas se o universo tem se expandido 

por um tempo infinito

- e deve ter havido um  tempo infinito 

se não houve início,

um primeiro momento, 

um ato de criação -

então o universo 

já deveria ser perfeito a esta altura.


http://comarte.upf.br/?p=4208
Já houve tempo suficiente

para que a evolução fosse terminada.

Não deveria ter restado nenhum mal.


Gustave Doré, a Floresta dos Suicidas de Dante Alighieri, Inferno (Canto XIII).
De forma que a própria existência do mal,

da imperfeição e do sofrimento no universo

provam que os ateus estão errados 

em relação ao universo.

KREEFT, Peter. Buscar sentido no sofrimento. Tradução de Alexandre Patriarca. São Paulo: Edições Loyola, 1995, p. 40-1.