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quinta-feira, 31 de maio de 2018

A REVOLUÇÃO POR PROCURAÇÃO E OS CAMINHONEIROS


Filosofia, Direito, Ciência, Religião e etc. são focos que integram uma única e mesma realidade: a vida humana, este dado não pode ser objeto de um puro e simples discurso metodológico que isole um destes aspectos como se fosse a principal parte, pois a parte não pode ser maior que o todo, cabe-nos a humildade de considerar o cenário maior que é a vida.
Há quem se orgulhe de ser conservador, outro se vangloria de ser liberal, ainda tem quem ache o máximo ser intervencionista, tem gente que até acha que ser comunista é ser progressista, pela minha parte prefiro seguir o que se encontra registrado em minha certidão de nascimento e naquilo que a Verdade que se fez carne ensinou, ou seja, basta-me ser um humilde brasileiro e um anônimo filho de Deus que cultiva, respectivamente, um hino exuberante de amor pelo solo pátrio e uma oração de Pai Nosso que nos promete uma Cidade no Céu, cujos merecimentos são necessariamente frutos de boas obras e da aceitacao da responsabilidade pelos próprios atos, em suma, viver como simples brasileiro e cristão que utiliza ideias e ferramentas conforme sua utilidade.
O movimento grevista, que vivenciamos neste fugaz momento histórico, demonstra que tanto o governo como a sociedade, não compreendem a dimensão e a organização das forças econômicas e sociais em curso no Brasil, jamais cogitaram com a possibilidade real de uma categoria parar o país de forma eficaz.
O problema que surge com a continuidade da greve é que, por mais que queiram que os caminhoneiros salvem o Brasil, porque os brasileiros sofrem, eles, os caminhoneiros, também sofrem, só que em dobro dado a precariedade de seu dia-a-dia profissional, e no final a pauta não era política, mas, p.ex., aqui no Pará há uma grande raiva acumulada pela categoria, uma vez que são quase todos vindos de fora e aqui são muito maltratados, fosse eu, ficaria parado vendo o circo pegar fogo, basta para uma parcela da categoria ficar estacionada que tudo se desenvolve no sentido do caos, acho que muitos dos caminhoneiros estão encantados com esse poder.
Por que o caminhoneiro teria que salvar todos os brasileiros se estes pouco se importam com o sofrimento do caminhoneiro?
E olha que a reivindicação principal foi só o preço do diesel, imagine se fosse uma pauta realmente política!
A burguesia industrial ainda não compreendeu a burguesia da logística, que em sua massa é composta pelos autônomos, continuamos com a mentalidade de que empresários devem ser limpinhos e cheirosos, e , assim, subestimaram os caminhoneiros.
O sebastianismo é essa nossa mania de esperar por um salvador da pátria, no lugar de assumir a responsabilidade pela própria luta, caminhões não são tanques, soldados não são políticos, revoluções não são entregues por delivery.
Se tivesse poder de alterar o currículo do ensino básico incluía a explicação do sebastianismo luso-brasileiro, como item obrigatório, afinal precisamos conhecer nossa paranóia atávica que nasceu da morte gloriosa do último rei da dinastia de Aviz.
No Brasil já temos mais de um século sem os suores, temores e horrores da guerra total em nossas fronteiras, essa realidade gera uma psicologia social que não se preocupa com a liberdade política.
De um simples movimento que mobilizou uma categoria profissional em busca de objetivos limitados, há uma tendência em pugnar pela criação de um movimento revolucionário de amplo espectro.
Essa conversa intervencionista e esse anseio revolucionário durante a greve dos caminhoneiros são demonstrações de que tem muito brasileiro desejando fazer revolução por procuração.
A greve dos caminhoneiros jamais teve um caráter estratégico global, desde as manifestações iniciadas em 2015 foi sempre negociada uma pauta específica para esse seguimento composto principalmente de autônomos, e por ser um grupo que depende da própria produtividade somente numa situação de vida ou morte essa classe encararia uma luta pela derrocada do governo, o resultado alcançado foi o que se pretendeu dentro desse movimento que mais parece uma antiga corporação de oficio.
Neste sentido, ainda estamos prosseguindo no processo de autoeducação político-revolucionária, temos muito ainda que caminhar no Brasil, para que se promova verdadeiros levantes que coloquem as instituições em jogo.
Enquanto não são feitas apostas de vida e morte com o objetivo de mudar o destino da nação, fiquemos com o recém conquistado direito de manifestação de opinião com tomatada, que agora é nosso direito humano à livre expressão, manifeste-mo-nos, conforme recente decisão judicial.

Também disponível em: https://jus.com.br/artigos/66625/a-revolucao-por-procuracao-e-os-caminhoneiros

quarta-feira, 30 de maio de 2018

A revolução brasileira e as recentes jornadas de maio: uma breve análise do desenvolvimento da democracia direta no Brasil (Versão divulgada no site Jus Navigandi)


Há um livro da qual gosto muito que é intitulado "Lembranças de 1848: as jornadas revolucionárias em Paris", na qual Alexis de Tocqueville narra sua participação no combate contra aquilo que ele mesmo denominou de uma revolução socialista, por ele apelidada de "jornadas de junho", com base nessa inspiração considero que estamos vivenciando as jornadas de maio de 2018, uma etapa da revolução brasileira.
A greve dos caminhoneiros representa um segundo passo na revolução brasileira, que em 2013 iniciou como reação aos "protestos pacíficos com violência" e se estabilizou em festas cívicas aos finais-de-semana, ou de horários após o expediente.
Tais protestos iniciais manifestaram-se como método ativo de mobilização de um grande número de pessoas, com a adoção de uma atitude passiva quanto a outras ações, bastava a demonstração da existência de um grande oceano de gente, tal realidade é explicável na medida em que famílias reunidas não podem parar um país.
Retomando o argumento da segunda etapa da revolução brasileira, que foi operada pelos caminhoneiros autônomos, esta mobilização se manifestou mediante a adoção de medidas ativas e práticas, que, ironicamente, se caracterizaram não por uma grande reunião e movimentação de pessoas, mas pela paralisação dos agentes envolvidos.
A interferência nas decisões governamentais ocorreu com eficácia, e, até mesmo serviu para impor, reiteradamente, decisões ao governo.
Como diria o Olavo de Carvalho o Poder é a capacidade de comandar pessoas, e o Poder será tanto maior quanto maior for a quantidade de pessoas comandadas, com base neste critério, um "Poder dos Caminhoneiros" foi manifestado, este Poder comandou os interesses do país por uma semana e se impôs ao governo.

Texto divulgado no site Jus Navigandi, disponibilizado em 29/05/2018:

terça-feira, 29 de maio de 2018

A REVOLUÇÃO BRASILEIRA E AS RECENTES JORNADAS DE MAIO



Há um livro da qual gosto muito que é intitulado "Lembranças de 1848: as jornadas revolucionárias em Paris", na qual Alexis de Tocqueville narra sua participação no combate contra aquilo que ele mesmo denominou de uma revolução socialista, por ele apelidada de "jornadas de junho", e, como a recente greve dos caminhoneiros ocorreu em maio, considero que estamos vivenciando as jornadas de maio de 2018, uma etapa da revolução brasileira.

A greve dos caminhoneiros representa um segundo passo na revolução brasileira, que em 2013 iniciou como reação aos "protestos pacíficos com violência" e se estabilizou em festas cívicas aos finais-de-semana, ou de horários após o expediente.

Tais protestos iniciais manifestaram-se como método ativo de mobilização de um grande número de pessoas, com a adoção de uma atitude passiva quanto a outras ações, bastava a demonstração da existência de um grande oceano de gente, tal realidade é explicável na medida em que famílias reunidas não podem parar um país.

Retomando o argumento da segunda etapa da revolução brasileira, que foi operada pelos caminhoneiros autônomos, esta mobilização se manifestou mediante a adoção de medidas ativas e práticas, que, ironicamente, se caracterizaram não por uma grande reunião e movimentação de pessoas, mas pela paralisação dos agentes envolvidos.

A interferência nas decisões governamentais ocorreu com eficácia, e, até mesmo serviu para impor, reiteradamente, decisões ao governo.

Como diria o Olavo de Carvalho o Poder é a capacidade de comandar pessoas, e o Poder será tanto maior quanto maior for a quantidade de pessoas comandadas, com base neste critério, um "Poder dos Caminhoneiros" foi manifestado, este Poder comandou os interesses do país por uma semana e se impôs ao governo.