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quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

CHARLES DARWIN E OS PODERES DAS FORMAS ATRIBUIDAS PELO CRIADOR




A natureza produz alguma engenharia por si própria?

Quem realizaria o controle de qualidade?

Há um senso comum em vigor, que considera a realidade da natureza como um conjunto de sistemas nivelados por baixo, e, um bom exemplo desta proposição de "democracia da natureza", é a defesa intransigente da teoria da seleção natural ou da evolução (que são coisas distintas, mas aqui falo do senso comum), considerado como um processo cego, sem direção, que não se determina, simplesmente ocorre, e, ainda que a natureza produzisse padrões de design, em suas transformações, não tende necessariamente à perfeição, e, pensar o contrário é considerado uma exposição de "argumento ingênuo".

Bem vindo, caro leitor, ao reino dos argumentos maliciosos (somente pessoas inteligentes e críticas não são ingênuas, tal como Sartre, para quem tudo é feito e pensado de má-fé)!

Minha postura é no sentido da objetividade do real, cuja concreção (cf. Mário Ferreira dos Santos) é indício da existência do próprio Deus, e, assim, esta realidade é o objeto da  ciência, e da filosofia, em seu sentido não-ideológico de pesquisa séria, com base em dados, e na demonstração lógica das teses, teorias e hipóteses, conforme a aplicação do princípio da razão suficiente.

A natureza, na perspectiva moderna, é um conjunto de fenômenos materiais, que por sua vez tendem à entropia.

Por outro lado, na perspectiva filosófica tradicional, a natureza é a matéria segunda submissa às causas formal, material, eficiente e final, frutos da causalidade vertical (causa formal em seu mais alto grau) nos termos propugnados por Wolfgang Smith, com base nos princípios metafísicos reais, tão bem descritos por Aristóteles

O mencionado senso comum que defende a cegueira e aleatoriedade do real, ao considerar o conceito de evolução, necessariamente propõe uma ideia de aperfeiçoamento, que tende para  a aceitação de alguma razão final, uma noção de perfeição, portanto, mesmo que não declarado, há a operação de um princípio metafísico, escondido nas entrelinhas do raciocínio.

O próprio Darwin refere-se ao conceito de "desenho inteligente" ao definir a existência de formas primitivas de seres vivos, criadas por Deus, que precedem a operação do meio ambiente, no processo de seleção natural, quando conclui "A origem das espécies":



"Estas leis, tomadas no seu sentido mais lato, são: a lei do crescimento e reprodução; a lei da hereditariedade que implica quase a lei de reprodução; a lei de variabilidade, resultante da ação direta e indireta das condições de existência, do uso e não uso; a lei da multiplicação das espécies em razão bastante elevada para trazer a luta pela existência,  que  tem  como conseqüência  a  seleção  natural,  que  determina  a  divergência de caracteres, a extinção de formas menos aperfeiçoadas. O resultado direto desta  guerra  da  natureza  que  se  traduz  pela  fome  e  pela  morte,  é,  pois,  o  fato  mais admirável  que  podemos conceber,  a  saber:  a  produção  de  animais  superioresNão há uma verdadeira grandeza nesta forma de considerar a vida, com os seus poderes diversos atribuídos primitivamente pelo Criador a um pequeno número de formas, ou mesmo a uma só? Ora, enquanto que o nosso planeta, obedecendo à lei  fixa  da  gravitação,  continua  a  girar  na  sua  órbita,  uma  quantidade  infinita  de belas  e  admiráveis  formas,  saídas  de  um  começo  tão  simples,  não  têm  cessado de se desenvolver e desenvolvem-se ainda!" (negritos nossos) (CHARLES DARWIN, "A Origem das Espécies", tradução de Joaquim da Mesquita Paul, médico e professor, LELLO & IRMÃO – EDITORES, PORTO. 2003)

Então fica assim, aquela pessoa que se satisfaz com a ideologia naturalista, propugnadora da tese da verdade da "cegueira imperial da natureza", por favor, deixe-me em paz com minha ingenuidade fundada no mundo objetivo e concreto, pois tal pessoa que se funda na "fé naturalista"  está votada a padecer sob as penas do niilismo e do solipsismo, são cegos que se deixam conduzir por outros cegos em um ato de fé na "razão maliciosa".

Referências:

Aristóteles, Metafísica.

Charles Darwin. A Origem das Espécies.

Mário Ferreira dos Santos. Filosofia Concreta.

Wolfgang Smith, O enigma quântico: desvendando a chave oculta.



Belém, Pará, Brasil, Werner Nabiça Coêlho - 21.12.2016