Aristóteles
mostra em seguida que a virtude é corrompida e gerada por operações
[formalmente] semelhantes às que a criam.
[…]
Como
ocorre em qualquer arte [operativa], os mesmos princípios
responsáveis por sua criação também podem gerar a sua destruição.
Aristóteles
primeiro expõe como isso ocorre nas artes, pois é a partir do modo
de se tocar harpa que os homens, segundo a devida proporção,
tornam-se bons ou maus harpistas.
A
mesma razão é a dos construtores, replicando-se em todos os outros
artífices, porque frequentemente estão a fazer bem o ato de
construir, tornando-se bons construtores, mas o contrário também
ocorre: se eles se habituarem a construir mal, serão maus
construtores.
Se
esta afirmativa não fosse verdadeira, eles não necessitariam de
qualquer docente dirigindo suas ações para aprender uma arte,
porque todos, [independentemente dos mestres], tornar-se-iam bons ou
maus artífices. [Isto é uma falácia, pois sabemos que há os
mestres-artesãos e os aprendizes em toda construção].
Logo,
como nos parece necessária a presença de um mestre nas artes,
também são necessários mestres para o ensinamento do modo de agir
virtuosamente.
(Santo
Tomás de Aquino, Onze lições sobre a virtude: comentários ao
Segundo Livro da Ética de Aristóteles; tradução de Thiago
Tondinelli – Campinas, SP : Ecclesiae, 2013, p. 25)