segunda-feira, 7 de maio de 2018

REFLEXÕES SOBRE A FILOSOFIA MORAL


Creio que o vocabulário "filosofia moral" deve ser resgatado para fazer o contraponto ao termo ideologizado "ética" (apesar de que originalmente "ética" é a versão grega para a latina "moral"), pois, atualmente, falar de "ética" somente remete ao comportamento politicamente correto, segundo a régua do subjetivismo materialista epicurista da modernidade em seu consenso contra o sumo bem

A moral é essencialmente um conhecimento de natureza ontológica, uma forma de participar da realidade concreta da vida e da sociedade, pois conecta-se à realidade objetiva, v.g. a interdição ao incesto quando inobservada gera consequências nefastas à própria herança genética.

A autoridade moral (no sentido de autoria mesmo) é primariamente heterônoma, por ser um mandamento de Deus, secundariamente é que se torna um objeto de julgamento decisório do livre arbítrio pessoal.

O momento da liberdade também é o momento do pecado, logo, inexistente a norma moral absolutamente autônoma, pois a moral é absoluta, o que é resta é a autonomia do erro moral, uma vez que a decisão é relativa

Moral não é uma norma no sentido jurídico-normativo, é uma revelação divina descoberta pelo intelecto humano, seja pela razão natural, como em Sócrates, seja pela razão sobrenatural revelada diretamente por Cristo.

O vício do bacharelismo jurídico é considerar que uma teoria da norma jurídica substitui a realidade concreta, portanto, é esquecer que autorreferencia do texto submete-se à autorreferencia da realidade, não o contrário

O contraponto ao excesso de abstração linguísticas, que fica preocupado com suporte físico em papel, está em chamar a atenção que o suporte físico da linguagem é ontológico, é a realidade de carne e osso, e, também, alma.

A filosofia, desde os pré socráticos até hoje, se depara com desafios teológicos e morais, ou aceitam o negam veementemente a existência de Deus.

Etimologicamente moral é ética, são termos sinônimos, todavia, hoje na cena institucional jurídico-política esqueceu-se o que é moral e o termo "ética" foi transformado numa palavra que aceita qualquer definição, inclusive pode ser a "ética dos bandidos"

Observo que em relação ao atual processo de destruição da linguagem como ferramenta de comunicação julgo indubitável que realmente existe um esforço acadêmico nesse sentido, e, também não discordo que esta demolição tenha consequências sociais, todavia percebo que a língua e a linguagem possuem uma substância, no sentido dado por Aristóteles na metafísica, em que a essência da palavra ainda resiste em função da necessidade que o senso comum de cada pessoa possui intuitivamente de reagir ao absurdo inerente aos ataques linguísticos da modernidade.

Para que seja possível a percepção da desordem do caos há que ser possível a prévia percepção da ordem do cosmos, e para que haja destruição e entropia há que haver criação e harmonia, neste sentido a filosofia moral é o amor ao saber em seu sentido de razão prática (phronesis), que possibilita o cultivo da ordem pessoal e possibilita a harmonia social.

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