domingo, 5 de fevereiro de 2017

SOBRE A EPIDEMIA MUNDIAL DE SUICÍDIOS ENTRE JOVENS


A Organização Mundial da Saúde (OMS) descobriu que o suicídio mata mais jovens que o vírus da SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), dada esta constatação há uma percepção generalizada de que o mundo é uma bosta, e que os que têm um pouco de massa cinzenta se matam.

Discordo de tal opinião, pois a depressão do suicida tem mais relação com a perda de sentido da vida, vazio este que resulta do materialismo e do consumismo como eixos de orientação da vida contemporânea.

A vida não é só a matéria segunda, é sobretudo uma derivação do elemento espiritual, pois perdeu-se a percepção de que o sobrenatural é inerente à realidade do natural.

A visão negativa e suicida é uma boa síntese do pecado original, e da necessidade de redenção, temperada com um pouco de hedonismo, cuja tentação, se acaso não for vencida, pode danar a alma, pois se não podemos afirmar que o inferno existe, também não podemos afirmar que ele não seja real.

Nem sempre o fracasso é uma culpa exclusiva do suicida, alguns fracassos são projetados, para que a vítima não consiga encontrar a solução para enigma de seu sofrimento, neste momento é que o estudo e a reflexão, aliados à busca do autoconhecimento, ajudam a superar essa artimanha diabólica da cultura pós-moderna, que criou o argumento politicamente correto, ao arrepio do argumento simplesmente verdadeiro e grávido de sentido.

O Apóstolo Paulo, em sua Primeira Carta aos Coríntios, 14, 10-11, assim se refere quanto ao verdadeiro valor da linguagem

"No mundo existem não sei quantas espécies de linguagem, e não existe nada sem linguagem. Ora, se eu não conheço a força da linguagem, serei como estrangeiro para aquele que fala, e aquele que fala será um estrangeiro para mim"
 


A força da linguagem não está na polidez mas na eficácia, a linguagem é o princípio para a ação, boa linguagem implica em ações eficazes, e, uma das fontes da atual epidemia de suicidas está na criação de uma geração (des)educada no politicamente correto, que padece de força de expressão, e,  por isso, afunda-se na ineficácia do desespero da depressão.

Vivemos uma cultura fundada na mitologia da absoluta autonomia do ego, que resulta na autodestruição egocêntrica, e, na minha opinião descalça e nua, o remédio para esse mal está na busca da verdade religiosa e filosófica, preferencialmente ambas, mas cada uma destas buscas por si mesmas resultam nas únicas terapias eficazes, pois são meios de mirar corretamente no alvo do autoconhecimento que possibilita a autoconsciência, que por fim são os instrumentos para refinar a percepção objetiva do mundo e de sua beleza e bondade, com a reconquista da linguagem que possui a capacidade de comunicar verdades da vida, pois hoje a juventude é um estrangeiro em sua própria consciência.


Werner Nabiça Coêlho - 04.02.2017

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