Louis Lavelle
"Nós nunca encontramos o eu numa experiência separada. O que nos é dado primitivamente não é um eu anterior ao ser e independente dele, mas a existência mesma do eu, ou ainda o 'eu inexistente', o que implica que a experiência do eu envolve a do ser e constitui uma espécie de determinação desta"
(Louis Lavelle, in A presença total e ensaios
reunidos, p. 39)
"Há uma experiência inicial que está implicada em todas as outras e dá a cada uma delas sua gravidade e sua profundidade: é a experiência da presença do ser. Reconhecer esta presença é reconhecer ao mesmo tempo a participação do eu no ser"
(Louis Lavelle, in A presença total e
ensaios reunidos, p. 33)
"...o ser não pode em nenhum grau ser considerado um modo do pensamento, porque o próprio pensamento deve ser definido antes de tudo como um modo do ser. Imagina-se muito amiúde que o pensamento, pondo-se a si mesmo, põe o caráter subjetivo de tudo o que pode ser: mas, para pôr-se, é preciso que ele ponha antes de tudo sua existência, ou seja, 'a objetividade de sua própria subjetividade'"
(Louis Lavelle, in A
presença total e ensaios reunidos, p. 45)
"As ideias nos pertencem apenas como nossos filhos. Somos senhores da atenção, assim como somos senhores da geração. A hora do nascimento, porém, é para nós uma hora de ansiedade: não sabemos de antemão que presente o Céu nos enviará. E nossos filhos vivem diante de nós e não para nós, com uma vida na qual a nossa se reconhece e se prolonga mas que, todavia, nos ultrapassa e nos maravilha"
(Louis Lavelle, in A
consciência de si, p. 51)
"Pois não criamos de maneira alguma as ideias. Elas são os elementos de um universo de pensamento, assim como os corpos são os elementos de um universo de matéria. Revelam-se a nós por um ato da inteligência, assim como as coisas se revelam a nós por um ato do olhar. E, assim como nossa atividade prática se apossa das coisas e delas tira proveito para o corpo, nossa atividade pura escolhe entre as ideias e, pela composição que faz delas, compõe nossa figura espiritual. Assim, pode-se dizer que todas as ideias que vêm iluminar nosso espírito são de Deus. Mas a ordem que estabelecemos entre elas é do homem. Cabe a nós apenas escolher o caminho que nosso pensamento vai tomar: seja qual for o caminho, inúmeros materiais nos são oferecidos; cabe a nós construir com eles nossa própria obra"
(Louis Lavelle, in A
consciência de si, p. 50)