Observações preliminares.
O
Filósofo Mário Ferreira dos Santos sempre advertia no início de suas
obras a respeito da importância do vocabulário, e, principalmente, de
seu elemento etimológico, e, já nos idos dos anos 1960 ele alertava que
utilizaria certas consoantes mudas, já em desuso, mas muito importantes
para "apontar étimos que facilitem a melhor compreensão da formação histórica do têrmo empregado",
e, em razão desta técnica de exposição, escolhi realizar as
transcrições do texto em seu formato gramatical original (com exceção
das tremas).
Assim com a nossa experiência nos mostra haver sêres extensivos,
mostra-nos haver também intensivos. O verde é verde em si mesmo, não é
algo que se extende, não tem suas partes extra às outras, enquanto o
tamanho as tem. A dimensão do tamanho é a extensão, a da qualidade é a
perfeição qualitativa, é a forma da qualidade, pois uma coisa verde é
menos ou mais "verde", tomando-se, aqui,
"verde" em seu aspecto formal, perfectivo. Um tamanho pode ser maior ou
menor no sentido de ter mais ou menos "partes extra partes", mas
enquanto extensão, formalmente considerado, é extensão apenas, e não
mais ou menos extensão formalmente considerada. Assim se diz que a
quantidade não tem graus, porque é quantidade perfectivamente, enquanto a
qualidade pode ter escalaridade, graus, porque o qualitativo pode ser
mais ou menos em relação a uma forma perfeita, que virtualmente
compreendemos, pois podemos dizer que o céu é mais ou menos azul, que um
homem é mais ou menos sábio. Consideramos, como medida, a perfeição da
sabedoria, pois o tê-la indica que se tem um grau de sabedoria. Só a
Deus se poderia atribuir a perfeição absoluta da sabedoria, só a
"teria", e a "seria" em plenitude ontológica.
Com essa rápida
explanação do conceito de extensão, vê-se que o nosso conceito de
espaço é "posterior", e fundado na experiência da extensão, e não como o
pretendiam alguns filósofos, entre êles Kant, de que o espaço (como o
tempo também), fôssem "a priori" à experiência.
Mário Ferreira dos Santos, Erros na Filosofia da Natureza, Coleção Uma Nova Consciência, Editora Matese, São Paulo, 1967, p. 35.
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