sábado, 22 de abril de 2017

MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS: O QUE FUNDAMENTA O CONCEITO DE ESPAÇO? (CAP. 06-A)

Observações preliminares.
O Filósofo Mário Ferreira dos Santos sempre advertia no início de suas obras a respeito da importância do vocabulário, e, principalmente, de seu elemento etimológico, e, já nos idos dos anos 1960 ele alertava que utilizaria certas consoantes mudas, já em desuso, mas muito importantes para "apontar  étimos que facilitem a melhor compreensão da formação histórica do têrmo empregado", e, em razão desta técnica de exposição, escolhi realizar as transcrições do texto em seu formato gramatical original (com exceção das tremas). 






É o espaço que fundamenta a extensão, 

ou é esta que fundamenta aquêle?


A pergunta é de máxima importância, 


e não pode ainda receber uma resposta completa.


Contudo, já podemos, em face do que foi examinado,


concluir alguns aspectos importantes,

capazes de esclarecerem tema de tal valor.


A intencionalidade, que se empresta ao conceito de extensão,

é a de indicar a "tensão" que se dirige "ex",

para fora,

que se afasta,

a tensão centrífuga,


assim como intensidade corresponde 

à tensão que se dirige "in",

para si mesma,

que é centrípeta.

 

Há extensão

onde a posição das partes

se dão umas extra às outras.

 

Não só o conceito,

mas também a experiência nos revela

que a extensão implica:



1) distinção real entre as partes;



2) não coincidência das partes num mesmo ponto.



A extensão exige "fundamentalmente", a distinção,

o ser "outro", o "alter", a alteridade simultânea,

pois o outro não é algo que decorre após ao primeiro,

mas que se dá simultâneamente com o primeiro,

como ponto de partida. 



Assim, por ser possível haver distintos na mesma coisa,

a distinção, aqui, não é apenas esta,

mas acrescenta ainda que

o distinto se põe fora da mesma coisa ("ex");


ou seja, do mesmo que serve de ponto de partida.



Essa colocação "extra" aos de que se distinguem,

embora da mesma espécie,

pois a extensão é sempre da mesma espécie,

mas é, situalmente outra que outra,

tomada como ponto de referência ou de comparação.



Essa distinção serve de estímulo aos nossos sentidos espaciais,

que são a visão, o tacto em menor escala, a audição.



Os pontos "extra" uns aos outros estimulam os sentidos.



Os olhos podem captá-los em maior simultaneidade,

enquanto o tacto os capta em sucessão,

e a audição por referência.





Mário Ferreira dos Santos, Erros na Filosofia da Natureza, Coleção Uma Nova Consciência, Editora Matese, São Paulo, 1967, p. 34-5.
 

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