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domingo, 27 de maio de 2018

A INFLAÇÃO DO JUROS, A INFLAÇÃO DO ESTATISMO E A GREVE DOS CAMINHONEIROS

Evolução da dívida bruta da Apple e da Petrobras desde o 1° trimestre de 2013, data em que a Apple não tinha nenhum endividamento

Vamos lá, qual a raiz do problema atual do Brasil?

Por que ocorreu a greve dos caminhoneiros?

Por que a Petrobrás eleva tanto os preços?

Comecemos pelo começo, em 2006, segundo dados do BC a dívida interna brasileira estava em  R$1.336 trilhões (União, Estados e Município) e o PIB era de R$2.409 trilhões (Devemos considerar que nesta época o câmbio com o dólar estava em menos da metade da cotação atual).

Passaram-se os anos e o governo do PSDB, por meio do Plano Real, combateu a inflação por meio do crescimento da dívida pública e do aumento da carga tributária que, nominalmente, segundo dados da Receita Federal está em 32,38%, valor que deve ser tão "realista" quanto a inflação acumulada no último ano.

O Plano Real não resolveu o problema fiscal, meramente realizou uma substituição do tipo de inflação, pois trocou a emissão de papel moeda corrente pela emissão de títulos da dívida pública, para assim financiar o aumento dos custos da máquina estatal, e, para poder pagar os juros da dívida interna assim gerada, uma vez que os títulos são comprados pelo Sistema Financeiro, inclusive por imposição legal, naturalmente a carga tributária teria que crescer proporcionalmente.

Desde os governos do PSDB, e, de forma mais aprofundada nos governos PT/PMDB a dívida interna saltou para R$4.984 trilhões, enquanto que o PIB chegou aos R$6,619 trilhões, vale destacar que o cálculo da dívida interna não inclui as dívidas da Petrobrás e da Eletrobras.

Atualmente, além da dívida interna acima destacada ainda temos uma dívida externa governamental no valor de aproximadamente R$131 bilhões, valor que deve explodir com a valorização do dólar, o que deverá ocorrer também com a dívida externa da Petrobrás que está em U$113 bilhões, o que em real segundo o atual valor do câmbio significa R$413,37 bilhões.

Daí se efetuarmos uma comparação entre o ano de 2006, momento em que a dívida representava aproximadamente 50% do PIB, com hoje, quando a dívida pública está em quase 90% do PIB, com tendência ao crescimento, percebe-se que a inflação nunca acabou, o que vem ocorrendo é que a emissão de papel moeda foi substituída pela emissão de títulos públicos que se encontram estocados nos agentes financeiros, e, em algum momento a arrecadação não mais gerará os recursos necessários para o pagamento do serviço da dívida, pois por mais de vinte anos vivemos uma contínua inflação dos juros para financiar a inflação de estatismo brasileiro.

Então, para responder aos questionamentos do início podemos sintetizar nas seguintes sentenças:

O Brasil nunca abandonou os processos inflacionários para financiar a dívida pública, somente alterou a metodologia, substituiu a emissão de moeda corrente pela emissão de “moeda estocada” por meio de títulos da dívida pública, cujo financiamento é coberto pela crescente carga tributária, não é à toa que se cobram tantos impostos sobre insumos de produção (energia elétrica, diesel, etc.) e produtos básicos (alimentos e medicamentos).

O limite desse endividamento está sendo alcançado, e a necessidade de sustentar tal endividamento está sendo integralmente repassada ao setor produtivo, que, por sua vez, já alcançou seu limite de suportar o custo inflacionário dos aumentos de preços administrados pelo governo (energia elétrica, combustíveis, etc.) que em muito superam a inflação oficial, e cuja necessidade é decorrente da incompetência e da corrupção, logo, a sobrevivência de uma classe de trabalhadores autônomos como a dos caminhoneiros está atrelada à necessidade de o cálculo econômico voltar a refletir os custos reais do serviço.


Por fim, podemos afirmar que por mais que haja uma subida na cotação internacional do Petróleo, o que esta estatal na verdade tem precificado é sua dívida externa, e o consumidor tem comprado os juros dessa dívida, o que é mais agravado pela carga tributária incidente.

Resumo da ópera: ou enfrentamos a realidade do mercado e o cálculo de preços do transporte de carga volta aos parâmetros de seu custo, mesmo que a Petrobrás não diminua o preço dos combustíveis, ou o setor do transporte sofrerá uma quebra generalizada, quanto à possibilidade de benefícios fiscais como, p.ex., a desoneração do diesel, isso é um assunto que virá à tona mais cedo ou mais tarde.

Referências:

PIB - R$6.619.409.000.000,00 (R$6,619 trilhões)

Dívida Interna -  R$4.984.708.000.000,00 (R$4.984 trilhões)

Dívida Externa 

Governo Federal R$119.806.000.000,00 (R$119.806 bilhões)

Governos Estaduais R$101.795.000.000,00 (R$101.795 bilhões)

Governos Municipais R$11.176.000.000,00 (R$11.176 bilhões)

Dívida Líquida das Estatais  - R$61.561.000.000,00 (R$61.561 bilhões)

(com exclusão da Petrobrás e Eletrobrás)

http://www.bcb.gov.br/pt-br#!/n/DIVPUB

Dívida Líquida Petrobrás U$113 bilhões

https://moneytimes.com.br/petrobras-reduz-debitos-mas-ainda-tem-8a-maior-divida-do-mundo/

Dívida Líquida Eletrobrás R$20.297 bilhões

http://eletrobras.com/pt/ri/Paginas/Demonstracoes-Financeiras.aspx

Carga Tributária

http://idg.receita.fazenda.gov.br/dados/receitadata/estudos-e-tributarios-e-aduaneiros/estudos-e-estatisticas/carga-tributaria-no-brasil/carga-tributaria-2016.pdf