sábado, 22 de dezembro de 2018

QUAL ONTOLOGIA?


Flagelo

Ontologia é uma perspectiva filosófica sobre a realidade, que tanto pode reconhecer a ideia de um princípio criador, como pode conceber uma realidade eterna sem começo e sem fim, esta última é uma ontologia de base tautológica, pois remete à causalidade infinita como ocorre na ontologia naturalista.

A ontologia naturalista pressupõe um fundamento irracional e sem sentido para a realidade, uma vez que esposa a tese de que somos submetidos a leis cegas cuja conformação foi aleatória tal como num sorteio.

Por outro lado, quando a abordagem é com base em uma ontologia que reconhece um princípio criador da realidade, podemos conceber a racionalidade inerente ao real como um dado objetivo que funda a racionalidade e a teleologia das leis que ordenam o mundo.

Vamos expor de forma resumida as três possibilidades ontológicas:

a) a relação de causa e efeito existe até as suas últimas consequências;

b) a relação de causa e efeito não existe, e as coisas se conectam com base em relações aleatórias;

c) a relação de causa efeito existe de forma limitada àquelas situações que habitualmente são percebidas pela mente humana, mas nada garante de tais relações sejam intrínsecas.

Eu particularmente adoto a primeira perspectiva, uma vez que mesmo as evidências obtidas em laboratório pressupõem que o próprio cientista acredite no julgamento sobre a validade da relação de causa e efeito, presente na experiência oriunda da capacidade inata do ser humano perceber nexos causais racionalmente, por mais que o mesmo adote a metodologia preconizada pela percepção ontológica do ceticismo moderado defendido por David Hume/Kant/Popper sintetizada na terceira opção, e muito mais sou contrário ao absoluto ceticismo exposto na segunda perspectiva.

domingo, 16 de dezembro de 2018

REFLEXÃO SOBRE METAFÍSICA



Metafísica é o nome que se dá ao estudo dos princípios que regem a realidade, que são passíveis de descrição verbal e escrita, pesquisa realizada segundo o método dialético, cujo resultado é a depuração de alguns axiomas de ordem lógica e ontológica.

Mas, por que somos levados neste rumo?

Qual o fator que nos espanta ao ponto de acender a chama de tal curiosidade sobre os fundamentos últimos da realidade?

Meu palpite é que tudo começa quando, já em tenra idade, somos confrontados com a realidade da morte.

Afinal, morrer é um verbo metafísico.

Quando realidades humanas profundamente relacionadas com princípios de ordem metafísica (vida, morte, personalidade, etc.) são objetos de apreciação legislativa e judicial, existem duas hipóteses básicas para orientar a autoridade encarregada do assunto:

a) aceita-se a sacralidade da vida humana, a realidade da alma imortal e presume-se que cada decisão será objeto de julgamento na eternidade; ou

b) adota-se o reducionismo materialista que nos iguala aos demais reinos biológicos, como meras máquinas regidas por conexões sinápticas eletromagnéticas, que devem submeter-se ao único poder julgado existente conforme o método positivista: o poder da violência do próximo travestida de instituições dotadas de personalidade fictícia.

"A queda de Lúcifer", ilustração de Gustave Doré para o livro O Paraíso Perdido de John Milton.

O primeiro desafio metafísico é desvendar o enigma da relação entre a vida e a morte, que, em suma, é apostar na eternidade que nos remete à divindade que nos habita e da qual participamos como súditos fiéis, ou rebelar-se contra a realidade que nos condena à pena capital, e, assim, atiçando-se o que de pior há no espírito humano, seja na forma de ceticismo niilista que de tudo desespera, ou a sede de poder absoluto que pretende vencer custe o que custar.

Werner Nabiça Coêlho